Familiares e amigos de Gerlaine e Doralice do Nascimento deram último adeus no cemitério São João Batista, em Botafogo - Armando Paiva / Agência O Dia
Familiares e amigos de Gerlaine e Doralice do Nascimento deram último adeus no cemitério São João Batista, em BotafogoArmando Paiva / Agência O Dia
Por *Luana Dandara

Rio - Foram enterradas, na tarde desta quinta-feira, no cemitério São João Batista, em Botafogo, Gerlaine do Nascimento, de 53 anos, e Doralice do Nascimento, 55. As duas irmãs, moradoras do Morro da Babilônia, foram soterradas após o forte temporal que atingiu o Rio na noite de segunda-feira (8). 

Muito emocionada, a mãe das vítimas Maria Nilsa do Nascimento, 77, culpou a falta de ação da Prefeitura no local. Segundo ela, diversas denúncias foram feitas à Defesa Civil sobre risco de deslizamento e de queda de árvore, mas nada foi feito. "Se a prefeitura se importasse com as pessoas eles faziam por onde para melhorar a situação das minhas filhas. Elas só pediam para podar as árvores. Em 30 anos morando lá, o que eles fizeram foi matar minhas filhas", lamentou ela. 

Amiga das irmãs, Helena de Oliveira, 35, também moradora da Babilônia contou que sempre que havia chuva forte as sirenes tocavam para orientá-los a saírem da comunidade. "Infelizmente, nesse dia as sirenes não foram acionadas. A Gerlaine morria de medo quando tinha temporal. Um mês antes, chegou a tocar no assunto e disse que se preocupava em ter um enterro digno. Até me arrepio, parece que ela sentiu".

Helena acrescentou que o risco de queda de árvore era "óbvio". "Foram vários pedidos para prefeitura cortar as árvores. Estava muito claro que isso podia acontecer", afirmou. No início da tarde o vizinho delas, Gilson César dos Santos, que tentou salvar Geralice junto com Doralice, também foi enterrado no mesmo cemitério. "Ele ajudava todo mundo, foi um herói", considerou Helena. 

Vizinha das vítimas, Shirley Telácio, 56 anos, está abrigada na casa de amigos, pois sua residência foi interditada pela Defesa Civil. "Queremos uma providência para que não venha a acontecer com outras pessoas. Pra minha casa eu não volto, tem uma pedra solta no alto, se chover vai derrubar tudo", cobrou ela.

*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes

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