O jacaré aparece
O jacaré aparece "passeando" pela calçada em bairro da Zona Norte do Rio, surpreendendo os moradoresReprodução de Internet
Por FRANCISCO EDSON ALVES

Rio - O vídeo de um jacaré-de-papo-amarelo, de aproximadamente um metro e meio de comprimento, "passeando" por uma rua no Bosque da Freguesia, um dos poucos redutos de área verde preservada na Região de Jacarepaguá, na Zona Oeste, está viralizando na internet, com postagens que se multiplicam. Num deles,  a internauta Clarisse Terran brinca, em seu Facebook: "Aos meus amigos que se preocuparam depois da chuva, meu obrigada.. estamos bem, hoje fui dar uma caminhada no Bosque da Freguesia e a vizinhança tá bem tranquila...", ironizou.

Outro internauta, Marcos Castro, se mostrou preocupado com a segurança de transeuntes: "Olha que bizarro o jacaré andando de boa depois das enchentes no Rio de Janeiro. Mais bizarro ainda é ele ser um bom pedestre e andar pela calçada", comentou numa de suas redes sociais.

Desde o ano passado ambientalistas reivindicam aos novos representantes dos governos estadual e federal, a criação de um parque ecológico para preservar os cerca de 5 mil jacarés do papo-amarelo – mil a mais que cinco anos atrás -, que vivem, segundo monitoramento do Instituto Jacaré, no Complexo Lagunar de Jacarepaguá (de 280 quilômetros quadrados, composto pelas lagoas da Tijuca, Camorim, Jacarepaguá e Marapendi), na Zona Oeste do Rio.

Vítimas da expansão imobiliária desordenada, que os expulsam de seus habitats naturais, os répteis – atualmente em época de reprodução -, aparecem a cada dia com mais frequência em áreas urbanas da Barra da Tijuca, Recreio e Jacarepaguá. A ideia da construção de uma espécie de santuário para os animais, que incluiria também capivaras, já tinha sido ventilada também este ano por integrantes da Comissão de Proteção e Defesa dos Animais da OAB-RJ.

“As autoridades ambientais têm que se conscientizar que, deixando de investir num projeto sustentável de preservação dessa espécie, estão matando uma galinha dos ovos de ouro”, compara o biólogo Mário Moscatelli, garantindo que se o estado e União se unirem para a criação da “Cidade dos Jacarés”, como sugere, vão estar, além de garantindo a sobrevivência do papa-amarelo, gerando emprego e renda para milhares de pessoas.

Moscatelli, conforme o DIA publicou recentemente, sugere que o espaço poderia ser semelhante ao Gatorland, um parque temático gigante em Orlando, na Flórida (EUA), que combina exibições, entretenimentos e educação ambiental para turistas. “Acho que seria a única maneira de salvar essa população rara de jacarés, que já enfrenta grave desequilíbrio ecológico”, concorda o presidente do Instituto Jacaré, Ricardo Freitas Filho. “As visitas, porém, devem ser limitadas, respeitando a dignidade dos animais”, defende o presidente da comissão, Reynaldo Velloso.

Vídeos nas redes sociais mostram a presença dos répteis em vias públicas, praias, próximos a shoppings e até dentro de piscinas residenciais na Zona Oeste. “Embora o número de jacarés tenha crescido nos últimos anos, trata-se de um crescimento tímido. A redução de habitats e a constante chegada de jacarés capturados em diversas partes do estado, no Parque Chico Mendes (na Baixada de Jacarepaguá), aumentam suas presenças nas ruas e avenidas. Os papos-amarelo não estão aumentando em número de indivíduos, pois 75% deles são machos. Apenas estão ficando mais agrupados devido à perda de ambientes naturais”, explica o biólogo Ricardo Freitas Filho, um dos maiores entendidos em comportamento animal do Brasil.

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