Rio - Raimundo do Nascimento de Sá Sodré escapou por pouco do desabamento dos dois prédios na Favela da Muzema, em Itanhangá, na Zona Oeste do Rio, na última sexta-feira. O pedreiro, de 38 anos, morava no mesmo apartamento que o cunhado Hilton Berto Rodrigues Souza, 34 anos, a irmã Maria do Nazaré, 36, e os sobrinhos Hilton Guilherme, 12, e Isabele, 4. Ele, entretanto, estava fora quando a tragédia aconteceu.
"Eu dormi fora. Quando eu voltava para casa, de manhã, passei para comprar um pão para a gente tomar um café. Cheguei e só vi poeira", disse Raimundo, que pretende deixar o Rio após a tragédia que destruiu a sua família.
"Eu amo o Rio, mas depois do que aconteceu não tenho mais clima para ficar aqui, sem minha família", lamentou Raimundo, que pretende voltar para Pinheiros, no Maranhão, sua cidade natal. É para o município do Norte maranhense que serão levados os corpos de Hilton Berto, Hilton Guilherme e de Maria de Nazaré, familiares do pedreiro sobrevivente. Ele tenta nesta terça-feira junto ao Instituto Médico Legal (IML) a liberação para realizar o traslado.
Isabele, a única sobrevivente que estava em casa, já embarcou para o Maranhão. Ele ficará sob os cuidados dos quatro avós. "Nós queremos chegar com os corpos até amanhã. A família espera por isso", disse Raimundo. Seu irmão, Hilton Guilherme, foi resgatado com vida no fim da noite de sexta-feira, mas não resistiu a cirurgia e morreu horas depois.
Na início manhã desta terça-feira, outros quatro corpos de vítimas foram retirados dos escombros. Horas depois, mãe e filha também foram encontradas sem vida, subindo o número de mortos para 17.
Familiares das quatro vítimas encontradas mais cedo já estão no Instituto Médico Legal (IML). Muito abalados, eles, porém, não quiseram falar com a imprensa. Com eles, subiu para 17 o número de mortos nos desabamentos. Outras quatro seguem internadas e há sete desaparecidos.
