Programa Estadual
Programa Estadual "Cuidar" foi lançado nesta quarta-feiraDivulgação
Por Dejair Neto*

Rio - Um programa de segurança pública que visa a aproximação de policiais militares, comunidade e escolas foi lançado nesta quarta-feira pelo governo estadual. A proposta do Programa Estadual "Cuidar" é levar mais segurança a estudantes e profissionais da rede pública de ensino. O custo estimado do programa é de R$ 40 milhões, que virão da Educação. Especialistas ouvidos pelo DIA, nas áreas de Segurança e Educação, divergiram sobre a medida.

Segundo o governador Wilson Witzel, está prevista a contratação de profissionais das Forças Armadas, mulheres com formação na área de vigilância, policiais militares e civis, bombeiros e agentes penitenciários reformados ou aposentados. Eles vão fazer uma espécie de serviço de portaria e inspeção patrimonial das escolas, atuando como monitores comunitários. O patrulhamento deve ser realizado a pé, de carro ou moto identificados nas regiões em torno dos colégios.

Durante o lançamento do programa, Witzel destacou a proposta do "Cuidar". "Este programa será um entre tantos outros que vamos implementar na rede estadual de ensino. A proposta vai ajudar muito às escolas a prevenir casos de violência e também aproximar os agentes públicos de segurança e os alunos e comunidades. Além disso, esperamos que contribua na integração das famílias dos estudantes com os colégios", disse.

O secretário de segurança pública Pedro Fernandes disse que o ampliamento da segurança em volta das escolas já era um pedido dos profissionais e alunos da rede pública e assegurou que a ação dos policiais será permanente e integrada com as direções dos colégios.

"Todos os profissionais que trabalharão no programa serão capacitados, inclusive, com curso de Mediação de Conflitos, por meio de uma parceria com o Tribunal de Justiça. Com essas ações, a expectativa é que a sensação de segurança aumente e gere muitos benefícios, entre eles, a redução do número de alunos evadidos, pois os jovens terão mais segurança e tranquilidade para frequentar as aulas", disse o secretário.

Ao O DIA, o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope), Paulo Storani, ressaltou a importância de saber de onde sairão estes recursos e que o reconhecimento. Ele também destacou outros dois pontos dentro do programa lançado nesta quarta-feira: o reconhecimento de que há uma necessidade no reforço da segurança em torno das escolas e a necessidade de um protocolo de conduta para esses agentes.

"Acredito que os pontos positivos são muito maiores do que os pontos negativos, me preocupa somente áreas próximas a locais de risco. Como deverão atuar e como isso será recebido pela própria comunidade em torno. Então são pontos de vulnerabilidade, mas que não são impeditivos para que o projeto ocorra, apenas vai requerer maior atenção de quem ficar responsável por esse programa", concluiu Storani.

O professor do departamento de Ciências Sociais da PUC-Rio, Marcelo Burgos, também comentou sobre a implementação do programa. Para ele, no entanto, não há muitos aspectos positivos.

"O que me parece um pouco preocupante é que é uma rendição você tomar uma medida que fragiliza ainda mais a autoridade escolar. Não é prudente, existem outros mecanismos de segurança externa que deveriam ser utilizados e jamais essa mistura. Eu entendo as razões, o sentimento de insegurança, acho que é importante considerar, mas a gente não pode simplesmente reduzir isso a uma resposta de "policialização" do espaço escolar. E isso ainda vem com um pacote que apareceu em outros lugares e foi simpatizado pelo governador: de militarizar a escola, sempre em nome da escola. Uma série de medidas que geram mais insegurança. A questão não é relativizar se eles têm ou não segurança, o problema é tentar oferecer como resposta colocar policial militar, e aí você agride a autoridade escolar", pontuou Burgos.

*Estagiário sob supervisão de Thiago Antunes

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