Luciano foi atingido por 3 tiros - Arquivo Pessoal
Luciano foi atingido por 3 tirosArquivo Pessoal
Por MARIA INEZ MAGALHÃES

Rio - Após 11 dias lutando pela vida no Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, o catador Luciano Macedo, de 28 anos, morreu. Ele foi baleado na ação do Exército do último dia 7, em Guadalupe, na Zona Norte do Rio, onde morreu também o músico Evaldo Rosa, que teve o carro atingido por 80 tiros disparados pelos militares. Parentes reclamam que não tiveram ajuda dos militares.

Luciano foi ferido ao tentar ajudar Evaldo e a família dele alvos do ataque do Exército. O músico e os parentes passavam pelo local de carro a caminho de um chá de bebê, quando soldados dispararam contra o veículo onde estavam o filho dele de 7 anos, a mulher, uma amiga e o sogro, que também foi baleado.

O catador passou por uma traqueostomia e cirurgia no pulmão na tarde desta quarta-feira, mas não resistiu. A Justiça determinou duas vezes a transferência do catador para outro hospital, mas nenhuma foi cumprida.

Em nota, a secretaria de Estado de Saúde informou que "todos os esforços clínicos necessários foram realizados por profissionais multidisciplinares do Hospital Estadual Carlos Chagas com o objetivo de oferecer o melhor atendimento ao paciente Luciano Macedo". "A SES esclarece que o paciente apresentava estado de saúde gravíssimo desde a entrada na unidade, o que impossibilitava sua transferência. Na tarde desta quarta-feira (17), Luciano passou por cirurgia torácica, mas infelizmente foi a óbito às 4h20 desta madrugada", segue o documento.

Daiane está sendo assistida pela ONG Rio de Paz - Divulgação / ONG Rio de Paz

O catador deixa a mulher Daiana Horrara, que está grávida de 5 meses. A família está sendo assistida pela ONG Rio de Paz e pelo escritório João Tancredo.

Nove dos 10 militares envolvidos no caso tiveram a prisão temporária convertida em prisão preventiva em audiência de custódia, realizada no último dia 10.

Exército se posiciona sobre as mortes de Evaldo Rosa e Christian

Na tarde desta quinta-feira, o Exército respondeu ao DIA sobre os casos de Evaldo Rosa e Christian Felipe Santana, de 19 anos, baleado durante uma blitz na Vila Militar. Christian estava na garupa da moto de um amigo, um adolescente, quando foi atingido nas costas por um tiro de fuzil. Segundo o Comando Militar do Leste (CML), militares entraram em contato com a família de Evaldo por meio do advogado da família, João Tancredo, nesta semana. O contatante foi uma autoridade designada pelo Exército. Os militares, no entanto, não informaram quando ocorreu o encontro.

Ainda conforme o CML, no caso de Christian, parentes compareceram à Vila Militar e foram informados de que os pertences estão "sob a custódia do Encarregado do Inquérito Policial Militar e permanecerão nessa condição até o término dos procedimentos legais". A família será informada imediatamente sobre a disponibilidade dos pertences e demais objetos pessoais custodiados.

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