"A verdade é o seguinte: você só entra (para pedir votos) se tiver um conhecimento que te leve lá dentro (da comunidade", Beira-Mar  - Reprodução / Record TV
"A verdade é o seguinte: você só entra (para pedir votos) se tiver um conhecimento que te leve lá dentro (da comunidade", Beira-Mar Reprodução / Record TV
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Chefe de uma das maiores facções criminosas do país, o Comando Vermelho (CV), Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, de 51 anos, afirma que quem planejou e matou a vereadora Marielle Franco (Psol) e seu motorista, Anderson Pedro Gomes, durante uma emboscada no Estácio, na Zona Norte do Rio, há mais de um ano, foram milicianos. O criminoso diz ter "100% de certeza" do crime. 

A afirmação foi dada na noite do último domingo em entrevista ao programa Câmera Record, da Record TV. Segundo o criminoso, a parlamentar estava enfrentando grupos paramilitares — depois de denunciar ações de policiais corruptos ou ex-policiais que atuam no estado. “Uma autoridade começa a querer mostrar quem é a milícia, vai acontecer o que aconteceu com a Marielle”, disse.

 “Não sei em que pé está (a investigação), porque não estou lendo mais (sobre o assunto). Mas é 100% de certeza que quem está envolvido no crime da Marielle é miliciano e polícia. 100% de certeza”, declarou.

Ainda segundo Beira-Mar, a milícia cresce no Rio porque trabalha com policiais corruptos. “A milícia trabalha com policiais corruptos, que recebem do Estado. Então, a milícia está expandido, porque eles estão vendo que é uma forma de combater o crime organizado. Então o Estado está lavando as mãos", afirmou.

Desde março, o sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa, de 48 anos, e o ex-PM Elcio Vieira de Queiroz, de 46 anos, estão presos suspeitos de envolvimento no assassinato da vereadora e seu motorista. Até agora, os mandantes pelo crime não fora identificados. 

"Sérgio Cabral é um pilantra"

A metralhadora giratória de Beira-Mar, durante a entrevista, não poupou nem mesmo quem está como ele, preso e condenado. De acordo com o traficante, antes de ir para a cadeia ele teve contato com vários políticos. "(Foram) diversos. Desde vereador a governador de Estado. Não vou citar, são tantos. Tantos são canalhas. Por exemplo, Cabral é um cara que está provado. Antigamente era paladino da Justiça. Mas todos nós, da sociedade carioca, a gente sabia que o cara era um pilantra”, afirmou. “Diversos amigos nossos tiveram contato com Cabral. Ele entrou em diversas comunidades”, disse na sequência.

Ainda segundo Fernandinho Beira-Mar, o político, para entrar e ser eleito em comunidades do Rio tem que estar aberto ao diálogo. Ainda durante a entrevista, o líder do Comando Vermelho afirmou que “vários políticos” prometeram e não cumpriram. “A gente apoiava o político que fizesse um trabalho social na nossa comunidade. Várias vezes alguns não cumpriram, deram a palavra e não cumpriram. Falou e não cumpriu, acabou. Não quero mais conversa. Cara que não tem palavra não é homem”, salientou.

À reportagem da Record TV, a defesa de Cabral — que cumpre pena de mais de 100 anos por diversas condenações por corrupção — negou que o político do MDB tenha tido relação com traficantes.

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