Maria Bezerra, dona da Casa da Cachaça na Lapa, um dos bares fora do Comida di Buteco - Armando Paiva / Agência O Dia
Maria Bezerra, dona da Casa da Cachaça na Lapa, um dos bares fora do Comida di ButecoArmando Paiva / Agência O Dia
Por Leonardo Rocha
Rio - Comida boa, petisco e cervejinha gelada. Uma das combinações preferidas dos cariocas que priorizam curtir o fim de tarde e até mesmo dar aquela esticadinha no pós-praia de domingo. Opção de bar é o que não falta. Ainda mais em épocas de circuitos de comidas de botecos, que, vira e mexe, estão rolando na cidade. A oferta, geralmente, é boa. Mas a escolha do cantinho ideal para o momento de descontração pode, muitas vezes, gerar dúvidas, já que os botequins ficam cheios e super disputados. Pensando nisso, O DIA convocou gente que entende do assunto para dar dicas de como aproveitar os bares, sem ter que fazer malabarismo para não deixar o chope cair da tulipa.
"O botequim é um patrimônio cultural da cidade, que gera emprego, renda, sociabilidade, empatia e até arrecadação para toda a cadeia produtiva", ressalta Caio Barbosa, editor do site Alma de Bar, que da dicas de cantinhos estratégicos do Rio. De acordo com ele, que toca o blog com o jornalista Pedro Landim, para fugir da agitação dos estabelecimentos cadastrados no Comida Di Buteco, é preciso garimpar. "Gosto de bares onde a comida me faça ter vontade de voltar. Tem que ser o destaque, mais que a cerveja gelada, pois isso é obrigação", conta.
Publicidade
Entre os bares que agradam o editor, estão o Kalango, na Praça da Bandeira, Zona Norte do Rio, e o Botero, localizado em Laranjeiras, Zona Sul da cidade. "O Kalango une uma das melhores cozinhas com preços ótimos. Destaco a galinhada e, de sobremesa, a imperdível rabanada de broa. Já o Botero ganha destaque na qualidade e criatividade dos petiscos e drinks. Lá, tem o melhor croquete que já comi, o de joelho de porco, e um pastel de cogumelos espetacular", afirma ele, que prefere frequentar os bares fora do circuito e economizar um pouquinho no bolso. "Eu só frequento lugares onde seja possível ser feliz gastando menos de R$ 50. Durante o Comida di Buteco o serviço passa longe de ser diferenciado e de qualidade. É divertido, mas caótico", avalia Caio.
A mesma opinião é compartilhada por Marcos Bonder. O criador do blog BondButeco destaca que o atendimento e o clima são fundamentais para atrair clientela. "O diferencial é saber que o dono ou dona está atrás do balcão e preserva pela qualidade dos produtos e o bom atendimento. Apesar dos bares participantes do Comida di Buteco serem excelente é possível fugir. O Rio tem um horizonte vasto de qualidade", avalia. 
Publicidade
Para fugir da agitação, Marcos destaca o Bar do Joia, no Centro, e o Bar do Serginho, na Penha. "Os pratos se destacam pela sua peculiaridade que vira uma marca da casa como o feijão preto com paio do Bar Joia e o risoles de carne de porco defumado do Bar do Sérgio. Acredito que um bom PF (prato feito), comida fresca feita no dia, bem temperada e com um preço equilibrado fazem toda a diferença", diz. 
E muito se engana quem pensa que boteco é lugar exclusivo de marmanjo. As menias do blog De Saia e Colarinho contam que não é preciso enfrentar filas para comer e beber bem. "O Brewteco, na Barra, fica no agito da Olegário Maciel. Além de cervejas artesanais incríveis, os petiscos da casa não deixam na a desejar. A gente gosta de chamar de boteco chique, com cervejinha artesanal", conta a jornalista Bianca Arman.
Publicidade
Já Bárbara Maia, do mesmo blog, dá dicas de norte a sul da cidade. "O Bar do Adão é tradicional do Grajaú e se espalhou pela cidade toda. Tem coisa melhor? O Boi Chic (pastel de carne e queijo gorgonzola) é o nosso preferido. Mas não posso esquecer do Pavão Azul, em Copacabana. Por falar em clássicos, esse é um dos botequins mais cariocas da gema que existem. As pataniscas de bacalhau, que não levam batata na massa, são o melhor acompanhamento para uma cerveja bem gelada. O arroz com camarão é super bem servido", conta.
E não tem como falar de comido de boteco sem lembrar dele, o samba. O cantor Gabriel da Muda, de 33 anos, já tocou por tantos bares que se tornou especialista no assunto. "Quando as pessoas estão se divertindo, eu estou trabalhando. Mas sou sortudo, posso tomar uma taça de vinho terça-feira. Entre os bares eu aconselho o Aconchego Carioca, na Praça da Bandeira, o Wursteria, na Tijuca, que tem linguiças variadas que são ótimos petiscos e o Restaurante e Cachaçaria Mussarela, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. É especializado em comida nordestina", diz ele, que também se apresenta do Samba do Ouvidor.
Publicidade
Points na Lapa
Entre os bares mais badalados na Lapa estão o Bar da Cachaça, na avenida Men de Sá, e os tradicionais depósitos que vendem cerveja barata e todo tipo de bebida alcoólica. Os dois são pontos de encontro da galera no pré e pós balada. "Os depósitos têm os preços muito atrativos e atende a todos os públicos. Viraram um point de encontro, o esquenta da noite. Os preços são absurdamente atrativos", conta a estudante Anne Costa, de 28 anos.
Publicidade
Completando 60 anos de história em 2019, o Bar da Cachaça não fica atrás e oferece petiscos de carne de sol com aipim frito, e batata cafezinho (com queijo e calabresa), mas a marca registrada do local é a cachaça de gengibre. "O segredo do Cachaça é o atendimento, porque sabermos respeitar o espaço do outro. Aqui, o cliente tem sempre razão. A gente está de bom humor para atender, porque aqui passa todo tipo de gente", comenta dona Maria Lima Bezerra, dona do Bar e da Casa da Cachaça.
O botequim oferece 50 tipos diferentes de sabores de cachaça e luta para lançar uma marca própria. "O carro chefe da casa é a batida gengibre, que foi o que levou a casa ao sucesso. Nós já tivemos aqui três mil e cem marcas diferentes. Esse bar tem muita história. Seu Oswaldo era o antigo dono e nós assumimos em 2006. O Bar da Cachaça é a cara dele e nós mantemos toda a identificação", conta a empresária, que trabalha diariamente com a filha e sobrinhos. "Aqui está tudo em família", conclui.