João Victor Nascimento dos Santos tem 19 anos - Arquivo Pessal
João Victor Nascimento dos Santos tem 19 anosArquivo Pessal
Por RAI AQUINO
Rio - Familiares de João Victor Nascimento dos Santos, de 19 anos, alegam que o atendente está sendo acusado injustamente pela morte do motorista de aplicativo Márcio Aparecido de Souza, de 40 anos. Márcio foi assassinado a tiros durante um assalto no dia 14 de dezembro do ano passado, no Lins de Vasconcelos, na Zona Norte do Rio. João Victor recebeu voz de prisão na noite desta terça-feira, quando estava internado no Hospital da Lagoa, na Zona Sul, para um tratamento.
A prima do atendente, a jornalista Renata Loback, 31, conta que João mora próximo ao local do crime, que aconteceu nas imediações da Praça Barão de Guajará. 
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"Ele estava em casa na hora, com outros familiares. A avó dele chegou do trabalho, falando que tava tendo confusão, que tinham matado um motorista e que a polícia tava lá. Ele desceu para ver a movimentação de dentro do prédio dele", diz Renata.
A jornalista afirma que momentos depois, policiais do 3º BPM (Méier) passaram pelo condomínio do primo, para onde os envolvidos teriam fugido. Ela afirma que neste momento João e um menor foram presos.
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"Uma pessoa, pelo nervosismo do momento, falou que ele era um dos envolvidos. Mas na delegacia, as mesmas pessoas falaram que os responsáveis pelo crime eram dois menores, um garoto negro e um garoto branco", diz.
Renata lembra que um dos menores chegou a ser apreendido momentos depois e que também teria negado a participação de João no crime. Mesmo assim, o atendente foi preso e na audiência de custódia conseguiu passar a responder pelo crime em liberdade.
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"(...) as versões narradas pelas vítimas levantam dúvida razoável quanto a eventual participação do custodiado", o juiz Pedro Ivo Martins Caruso D'Ippolito decretou, na época.
Na decisão, foi determinado que o atendente devesse comparecer à Justiça mensalmente, o que vinha sendo feito, segundo a prima. Mas a liberdade provisória de João foi cassada e um mandado de prisão foi expedido na última sexta-feira.
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"Nesse meio tempo, ele teve um problema de saúde e teve que passar por uma cirurgia há duas semanas no Hospital da Lagoa. Foi lá que os policiais militares o prenderam", conta Renata, dizendo que o outro menor que estaria envolvido no caso teria sido apreendido recentemente.
Diante da situação, a família acusa a Polícia Militar de ter feito a prisão inicial do atendente para achar um "bucha para solução do crime".
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"Nâo tem outra justificativa! Se as testemunhas afirmam que eram apenas duas pessoas envolvidas, sendo um único negro e o negro já foi apreendido dede o inicio, não tem o porquê de acusar o meu primo", reclama Renata, dizendo que o advogado já entrou com um novo pedido de liberdade de João, antes mesmo de ele ser preso nesta terça.
Procurada pelo DIA, a Polícia Militar não comentou as reclamações e só se limitou a dizer que "as investigações ficam a cargo da Secretaria de Estado de Polícia Civil". Já a Polícia Civil ainda não respondeu aos questionamentos da reportagem.
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Em nota, o Ministério Público informou que a promotoria que atua junto à 37ª Vara Criminal da Capital afirma que não foi registrado o comparecimento do denunciado à Justiça, "apesar de ele ter ciência da imputação realizada". Confira a íntegra:
"A Promotoria de Justiça esclarece ter denunciado João Victor Nascimento dos Santos, no dia 12 de fevereiro, pelo crime de latrocínio, praticado contra o motorista de Uber Márcio Aparecido de Souza. Segundo a denúncia, João Victor assumiu a direção do veículo e fugiu na companhia de um adolescente de 16 anos que disparou contra o motorista. Os dois chegaram a ser presos em flagrante, sendo que o adolescente, que estava junto de João Victor no momento da apreensão, portava o telefone celular da vítima.
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A denúncia foi oferecida com base em provas testemunhais, não só dos policiais militares no momento do flagrante, mas também das vítimas que estavam no carro do motorista que foi morto, bem como de outras testemunhas envolvidas em um “arrastão” a outros três diferentes veículos, praticado com participação dos acusados momentos antes ao do latrocínio. Além do reconhecimento, a denúncia foi embasada por material comprobatório contido no Auto de Prisão em Flagrante fornecido ao MP.
A Promotoria de Justiça então requereu ao Tribunal de Justiça a prisão preventiva do denunciado, que foi deferida pelo Juízo da 37ª Vara Criminal da Capital com mandados cumpridos pela Polícia Militar."