Desabamento na Muzema ocorreu em abril e matou 24 pessoas - Hudson Pontes/Prefeitura do Rio
Desabamento na Muzema ocorreu em abril e matou 24 pessoasHudson Pontes/Prefeitura do Rio
Por Antonio Augusto Puga
Passado um mês do desabamento dos dois prédios na favela da Muzema, Zona Oeste do Rio, quem perdeu tudo ainda enfrenta entraves burocráticos, seja para conseguir novos documentos, seja para receber aluguel social. Em relação à tentativa de recuperar o investimento da compra dos imóveis irregulares, a questão está nas mãos da Polícia Civil, que tenta capturar Rafael Gomes da Costa e Renato Siqueira Ribeiro, suspeitos de serem os corretores, e José Bezerra de Lima, o Zé do Rolo, apontado como responsável pela construção dos edifícios que foram abaixo no Condomínio Figueiras do Itanhangá. Vinte e quatro pessoas morreram e sete ficaram feridas na tragédia.
Amiga de Zenilda Bispo Amorim, que morreu abraçada ao filho Ruan, na manhã do dia 12 de abril, Roseana Pereira tem ajudado o filho mais velho da vítima a conseguir os documentos para voltar com o pai para o Estado da Bahia. "O maior problema agora é a burocracia. Ele é jogado de um setor para outro, e nada é resolvido. A vida dele e do pai está parada. Os dois não podem ficar aqui no Rio indefinidamente", conta Roseana.
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Uma doméstica que não quis se identificar aguarda a ida da Defesa Civil do município para vistoria na sua casa interditada. "Tivemos sorte que um vizinho ficou batendo na porta da minha residência para a gente sair, porque os prédios estavam desabando. Na época, o pessoal da Defesa Civil fez a interdição. Eles marcaram uma nova vistoria para o dia 5 deste mês, mas não foram lá. Quero definir minha vida. Não pretendo mais morar na Muzema", diz ela.
Juliana Ferreira, prima de Jefferson Trajano, que morreu no desabamento com a mulher Carla e os filhos Enzo e Arthur, de 6 e 4 anos, conseguiu recuperar celular e documentos. "Preferia que os quatro estivessem vivos no lugar dos objetos achados".
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Segundo a Defesa Civil, as equipes fazem vistorias diárias na localidade e têm até dez dias para avaliar os riscos dos imóveis. Já a Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH) informou que o atendimento aos moradores da Muzema é feito no Centro de Referência de Assistência Social de Rio das Pedras.
Coordenadora do Núcleo de Terra e Habitação da Defensoria, Maria Júlia Miranda diz que nenhum morador procurou o órgão. "Não sabemos quantas são as famílias atingidas". Para ela, cabe ação indenizatória contra o empreiteiro, mas seria necessária perícia para comprovar que o desabamento decorreu devido a problemas na construção.
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