Ambientalistas contabilizam que o local que poderá receber o autódromo guarda 200 mil árvores, que constituem a Floresta do Camboatá, último remanescente de Mata Atlântica de terras baixas - Divulgação
Ambientalistas contabilizam que o local que poderá receber o autódromo guarda 200 mil árvores, que constituem a Floresta do Camboatá, último remanescente de Mata Atlântica de terras baixasDivulgação
Por O Dia
Rio - O Consórcio Rio Motorsports foi o vencedor do edital de concessão para o novo autódromo do Rio de Janeiro em Deodoro, na Zona Oeste da cidade. A empresa foi a única credenciada para a construção do empreendimento que está orçado em R$ 697 milhões, com recursos apenas da iniciativa privada. O grupo ficará com a licença do terreno, que se chamará Rio MotorPark, por 35 anos e terá a responsabilidade de edificar uma pista com capacidade técnica para receber as principais provas do automobilismo mundial, dentre elas Fórmula 1 e MotoGP. Nesta segunda-feira, no entanto, Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação civil pública, com pedido de liminar, para que o Rio de Janeiro suspenda a licitação do novo autódromo da cidade
O DIA havia antecipado que o presidente Jair Bolsonaro assinaria um termo de compromisso com o governador do Estado, Wilson Witzel, e o prefeito, Marcelo Crivella, para que a Fórmula 1 e a Moto GP viessem para o Rio. O documento de cooperação para construção foi assinado no dia 8 de maio após a comemoração ao Dia da Vitória e Imposição da Medalha da Vitória, reconhecimento à atuação brasileira durante a Segunda Guerra Mundial, no Monumento aos Pracinhas, na Zona Sul do Rio.
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A concorrência da licitação aconteceu nesta segunda-feira. Integrantes da Comissão de Licitação do governo municipal receberam a proposta na manhã de hoje e analisaram os quatro envelopes apresentados pela empresa (Garantia de Proposta; Habilitação Jurídica; Proposta Técnica e Proposta Econômica).
Ação do MPF
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O MPF ajuizou uma ação civil pública, com pedido de liminar, para que o Rio de Janeiro suspenda a licitação do novo autódromo da cidade. No pedido, o MPF requer a suspensão do processo até que seja apresentado e aprovado o Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) pelo órgão ambiental licenciador, e seja expedida licença prévia atestando a viabilidade ambiental do novo autódromo do município, no local conhecido como Floresta de Camboatá, em Deodoro.
O DIA apurou que o consórcio destinará entre R$ 20 e R$ 25 milhões em medidas mitigadoras e compensatórias. A Presidência da República informou que não irá comentar a ação do MPF. Já Prefeitura do Rio disse que ainda não foi notificada pelo órgão.
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Fórmula 1 exibe projeto para novo autódromo no Rio - Divulgação
O projeto do autódromo
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Além de parque esportivo, o modelo econômico prevê parcerias com empresas do setor de combustíveis e lubrificantes de alta performance para desenvolvimento e aprimoramento de produtos. O empreendimento também contará com espaços voltados para a indústria automobilísticas na realização de testes de automóveis e aperfeiçoamento de peças e outros componentes.
"A conquista de hoje é a contemplação de um trabalho que teve início há mais de 4 anos. Juntamos o que há de melhor no mundo em termos de capacidade técnica para garantir ao Rio de Janeiro um autódromo com o que há de mais moderno no esporte a motor em todo o planeta” garantiu o CEO da empresa, JR Pereira.
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O plano apresentado contou com a participação de empresas do universo esportivo. O projeto de engenharia e arquitetura ficou à cargo do Tilke Engineers & Architects, do alemão Hermann Tilke, responsável pelo Circuito de Sepang, na Malásia, Circuito das Américas, nos Estados Unidos, Xangai, na China, Sochi, na Rússia, dentre outros. A concepção de traçado e segurança foi desenhado em coordenação com a MotoGP e Fórmula-1.
"A proposta que trouxemos para o Rio busca apresentar um desenho de uma pista moderna, dinâmica e cheia de emoção. Ao mesmo tempo, pensamos em um espaço com uma multidisciplinaridade que permita uma gama bastante ampla de utilização em outros esportes, atendendo toda comunidade da região”, explicou Tilke.
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A empresa Liberty Media, responsável pelas provas de Fórmula 1, iniciou negociações com o Rio para que Grandes Prêmios passem a ser realizados no município a partir de 2021.
Carla Julião, presidente da Comissão de Licitação do autódromo, ressaltou que pela manhã foi iniciado o estudo da documentação da habilitação jurídica apresentada pela Rio Motorsports.
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"A comissão empenhou esforços para analisar tudo hoje. Para a assinatura do contrato efetivamente, ainda haverá outras etapas, como a que envolve licenças e lei autorizativa", afirmou Carla.
A construção do empreendimento será feita pela construtora espanhola Acciona. A alemã Sporttotal, experiente na operação de autódromos, como o de Nurburgring, e a brasileira Golden Goal, especializada em gestão e marketing esportivo, também integram o consórcio vencedor na concorrência.
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"Esse equipamento será um divisor de águas para o Rio de Janeiro. O potencial de retorno para a população em termos de receita, emprego e desenvolvimento é gigante. Após Copa e Olimpíadas, esse é a principal conquista esportiva do município", ressaltou Carlos Eduardo Ferreira, CEO da Golden Goal.
O autódromo, que terá capacidade de 80 mil lugares fixos, podendo ultrapassar 135 mil com estruturas provisórias, contará com uma pista de 4,5 km de extensão. Está prevista uma estrutura com 36 boxes, paddock com para 5 mil VIP’s e centro de imprensa para mais de 400 jornalistas. O tempo de construção previsto gira em torno de 16, 17 meses, que poderá ser reduzido em um cenário otimista.