Tânia Maria Aragão Fonseca foi presa em casa, na Barra da Tijuca - Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Tânia Maria Aragão Fonseca foi presa em casa, na Barra da TijucaDaniel Castelo Branco / Agência O Dia
Por RAFAEL NASCIMENTO e RAI AQUINO
Rio - A Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) fizeram, na manhã desta terça-feira, uma operação contra lavagem de dinheiro dentro do sistema bancário. Os agentes pretendiam cumprir três mandados de prisão e outros três de busca e apreensão. No entanto, dentre os mandados de prisão, apenas o contra a gerente do Bradesco Tânia Maria Aragão de Souza foi cumprido.
Outro investigado também é gerente do banco, Robson Luiz Cunha Silva. O terceiro mandado de prisão é contra o empresário Júlio César Pinto de Andrade. Os dois são considerados foragidos. Robson, Júlio César e Tânia são acusados de "lavar" R$ 989,6 milhões.
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A ação desta terça foi um desdobramento das operações Eficiência (janeiro de 2017) e Câmbio, Desligo (junho de 2018), que investigam um esquema de lavagem de dinheiro comandado pelos doleiros Vinícius Claret e Cláudio Barbosa, operadores financeiros do ex-governador Sérgio Cabral (MDB).
As prisões foram determinadas pelo juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio. Tânia foi encontrada em casa, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, e foi levada para a sede da Polícia Federal, na Zona Portuária.
Tânia Maria Aragão Fonseca - Arquivo Pessoal
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De acordo com o MPF, as investigações revelaram que Júlio, Tânia e Robson eram peças importantes em um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro, que funcionava por meio da compensação de cheques do varejo (chequinhos) e pagamento de boletos bancários. O esquema servia para a geração de dinheiro em espécie que, posteriormente, era vendidos a empresas que desejavam "esfriar" recursos.
Os doleiros captavam cheques recebidos no varejo e os depositavam em contas bancárias de empresas fantasmas. Para abertura e movimentação das contas bancárias, a organização criminosa contava com a participação de gerentes de bancos que descumpriam normas para permitir a criação das contas.
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O empresário Júlio Andrade seria o responsável por abrir as contas fantasmas utilizadas nas transações, bem como por fornecer telefones "frios" e indicar empresas que alugavam salas por curtos períodos para guardar o dinheiro obtido. Ao menos sete empresas fantasmas foram identificadas e foram alvo de busca e apreensão nesta terça.
Na época dos fatos, Tânia e Robson eram gerentes-gerais de agências do Bradesco na Barra da Tijuca e em Vila Isabel, recebiam a documentação das empresas criadas por Júlio e indicavam os locais onde as contas bancárias deveriam ser abertas.
Presos foram levados para a sede da PF na Zona Portuária - Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
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Para os procuradores da República que integram a força-tarefa da Lava Jato no Rio, houve falha no sistema de compliance das instituições financeiras.
"Os elementos ora reunidos não deixam dúvidas de que as instituições financeiras onde as contas foram abertas, em especial o banco Bradesco, descumpriram os deveres de compliance, possuindo como consequência direta, além do fomento à lavagem de dinheiro acima demonstrado, a violação à livre concorrência, pois as instituições que dispendem recursos no compliance acabam restringindo seus negócios, sem contar no custo que é dedicado aos setores de conformidade", afirmam.
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Procurado, o Bradesco informou que quando as informações envolvendo seus funcionários ficarem oficialmente disponíveis serão apuradas internamente. 
"Como sempre, o Bradesco se coloca à disposição das autoridades no sentido da plena colaboração e esclarecimento sobre as apurações que estão sendo realizadas. Por fim, o Bradesco reitera que cumpre rigorosamente com as normas de conduta ética e governança vigentes para a atividade", acrescentou, em nota.