A cada 24 horas, 12 mulheres são vítimas de estupro no estado - ARTE O DIA
A cada 24 horas, 12 mulheres são vítimas de estupro no estadoARTE O DIA
Por Ana Mello*

Rio - A Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) investiga uma denúncia de estupro de uma aluna dentro da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói. O crime, que aconteceu nesta semana, teria sido cometido no banheiro do Bloco A do Campus Gragoatá, em São Domingos, e o caso acendeu o sinal de alerta entre estudantes. E expôs uma estatística aterrorizante: a cada 24 horas, 12 mulheres são vítimas de violência sexual no Estado do Rio. A universidade informou que "está apurando os fatos" e prestando apoio à estudante.

Segundo a delegada da Deam de Niterói, Alriam Fernandes, a vítima foi encontrada desacordada, no banheiro do bloco A, por uma outra aluna. "A gente está procurando o vigilante do andar para ouvi-lo, e já temos imagens que estamos analisando e foram submetidas à perícia. A estudante que encontrou a vítima também será ouvida", disse.

Relatos frequentes de violência no campus fizeram a estudante de Veterinária V. C., de 19 anos, criar o grupo Vamos Juntas Barcas, para estimular que as mulheres não voltassem sozinhas para casa. "Criei em maio de 2018 porque teve um caso semelhante, de uma menina estuprada saindo da Cantareira. Desde o ano passado, a segurança na UFF está horrível", afirmou X., mencionando ainda roubos cometidos por motoqueiros. A professora de História Y., de 26, quase desistiu de cursar pós-graduação até conhecer o grupo. "O meu maior pé atrás com a UFF sempre foi esse caminho tenso e escuro", revelou.

Aumento de 8,8%

Outras alunas revelam que andam sempre alertas para se proteger, como a estudante de Jornalismo Z., 22 anos. "Nunca vejo segurança à noite. Eu sinto medo o tempo todo, porque eu saio do Gragoatá às 22h, não tem ninguém, só os carros saindo do estacionamento. É um alerta constante", reclamou.

O Dossiê Mulher, do Instituto de Segurança Pública (ISP), aponta que 4.543 estupros foram registrados no estado em 2018, aumento de 8,8% em comparação com 2017 (4.173 casos). "A ampliação, em 2009, das condutas previstas na lei, abrangendo não só a penetração como outros atos de natureza sexual, vem contribuindo para aumento dos registros", informou a delegada Alriam Fernandes. Ela orienta que as vítimas ou responsáveis, nos casos de menores, denunciem rapidamente para permitir a confecção de laudo.

"É importante que não haja medo ou vergonha de denunciar para romper a violência. Quanto mais dados temos, mais fácil a adoção de políticas públicas", garantiu Adriana Mendes, diretora-presidente do ISP.

A UFF repudiou o ocorrido e ressaltou que está prestando apoio à aluna e aos familiares. Uma sindicância foi aberta para apurar o fato e tomar medidas administrativas. "A instituição está apurando os fatos e contribuindo com investigação da Polícia Civil", destacou. A universidade não comentou sobre medidas para reforçar a segurança no campus.

*Reportagem de Gustavo Ribeiro, Maria Luisa de Melo e das estagiárias, sob supervisão, Ana Mello e Rachel Siston

 

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