Rio - Somente na quarta-feira, o barraqueiro Clarêncio Queiroz, de 45 anos, terminou de ensacar o barro que invadiu sua casa, na Rocinha, com as chuvas de fevereiro e abril deste ano. No Morro da Babilônia, no Leme, os reflexos dos temporais também não passaram para Alessandra dos Santos Luiz, de 35 anos. Na mesma situação estão Antônia Cordeiro Silva, de 42; o porteiro Vanderlei Procópio de Sena, 47; e Sônia Lopes, 54, que moram no Vidigal, Rocinha e Barra de Guaratiba, respectivamente. Para eles, o acordo firmado entre a prefeitura e a Caixa Econômica Federal, ontem, que permite a retirada do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para as pessoas que tiveram as casas afetadas pelas chuvas, pode ajudar neste momento de recomeço.
"Minha esposa e eu já trabalhamos com carteira assinada. Na próxima semana, vamos procurar uma agência da Caixa para saber se temos algum valor para retirar do Fundo de Garantia. Tomara que sim, pois qualquer dinheiro será muito útil para nós. Estamos com dificuldades", diz o barraqueiro, que trabalha na Praia do Arpoador e, com o fim do verão, tem sofrido com o pouco movimento nas areias.
Segundo a Caixa Econômica Federal, os atendimentos para a retirada do FGTS terão início na segunda-feira e as solicitações para recebimento do benefício devem ser feitas até o dia 29 de julho. O órgão acrescenta que a liberação do valor deverá acontecer em até 5 dias úteis após a entrada com o pedido. O limite máximo para o saque é de R$ 6.220, por conta.
Lista de endereços
Em evento no Palácio da Cidade, ontem à tarde, o prefeito Marcelo Crivella informou que a medida contempla as pessoas que vivem nas regiões impactadas pelos temporais em data anterior a 11 de abril, quando houve a publicação do decreto municipal, que declarou Estado de Calamidade Pública na cidade. A lista de endereços está disponível no site da Defesa Civil municipal: www.rio.rj.gov.br/web/defesacivil.
A casa do porteiro Vanderlei, que foi destruída pelas chuvas, consta na lista de endereços divulgada pela prefeitura. Ele vivia em um imóvel próprio na localidade da Rocinha conhecida como Beco 199, e hoje está morando na casa de parentes. Vanderlei conta que tem R$ 6 mil para sacar de FGTS.
"Vamos dar entrada no pedido na próxima semana e, até lá, vamos decidir o que fazer", diz Vanderlei.
Alessandra, que teve a casa afetada na Ladeira Ary Barroso, no Morro da Babilônia, também pretende procurar uma agência da Caixa. "Tenho R$ 170 para sacar de FGTS. Qualquer coisa vai ajudar, pois perdi tudo, até as roupas", conta.
