Mohamed receptava e vendia carga roubada da quadrilha, de acordo com as investigaçõesGilvan de Souza / Agência O Dia
Por ADRIANO ARAÚJO
Publicado 13/05/2019 13:02 | Atualizado 13/05/2019 15:50
Rio - A quadrilha de roubo de cargas alvo da operação da Polícia Civil nesta segunda-feira movimentou em um ano em torno de R$ 1 milhão em produtos roubados, entre eletrônicos, produtos alimentícios e bebidas. As negociações com o receptador Jorge Teixeira de Oliveira, vulgo Mohamed, preso nesta segunda-feira, aconteciam através do WhatsApp, onde imagens dos produtos roubados eram enviadas pelos criminosos. Cinco mandados de prisão foram cumpridos e três seguem foragidos. Um suspeito morreu no Morro do Barbante, na Ilha do Governador, após troca tiros com policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). 
Ouça negociação entre ladrão e receptador
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"Ele era o grande fomentador da quadrilha, se não tem receptador, quem compra, não faz sentido o roubo. Ele conseguia os contatos dos comerciantes para vender. Alguns produtos ficavam com ele, principalmente eletrônicos, outros ele vendia, inclusive para outros estados. Toda carga roubada, os criminosos mandavam fotos para ele da carga. Ele comprava tudo: leite, refrigerante, cigarros, tudo ele negociava", disse o delegado Ângelo Lages, titular da 65ª DP (Magé), responsável pela investigação.
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Empresário, Mohamed morava em um apartamento em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio, onde todos desconheciam sua "face oculta". Ele tinha uma loja de eletrônicos no Infocentro, em um edifício comercial no Centro do Rio, onde também vendia eletrônicos roubados pelo bando.
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"Ele morava em Laranjeiras, tinha uma vida aparentemente normal, acima de qualquer suspeita, mas tem esse lado oculto. O pessoal não esperava, passava uma mensagem de um ser empresário", disse o delegado Ângelo Lages, titular da 65ª DP (Magé), responsável pela investigação.
Mohamed era o responsável por vender o material, que caía para a metade do preço que estava na nota fiscal ao ser repassada. Sua função de liderança é ressaltada, segundo Lages, porque sem o receptador não existe o ladrão de carga e a maior parte da carga roubada pela quadrilha era passada para ele, que vendia inclusive para outros estados. Em sua casa foram achadas cerca de 400 munições de armas de diversos calibres. 
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"Ele era o grande fomentador da quadrilha, se não tem receptador, quem compra, não faz sentido o roubo. Ele conseguia os contatos dos comerciantes para vender. Alguns produtos ficavam com ele, principalmente eletrônicos, outros ele vendia, inclusive para outros estados. Toda carga roubada, os criminosos mandavam fotos para ele da carga. Ele comprava tudo: leite, refrigerante, cigarros, tudo ele negociava", disse Lages.
Policiais encontraram diversas munições na casa de um dos presosReprodução / Divulgação
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O líder dos assaltantes foi identificado como Renato Medeiros, preso na Favela Kelson's. Era ele que enviava fotos dos produtos roubados para Mohamed e negociava o valor para a venda. Lá também foi presa Suelen Cristina da Silva Vieira, 30 anos, o braço financeiro da quadrilha. Era da conta dela que a quadrilha recebia o dinheiro da comercialização dos produtos roubados.
A investigação teve início após um roubo de carga em Magé, há cerca de um ano. Também foram presos José Ivanildo Pereira Junior, um dos ladrões, e Reinaldo Meireiles da Silva, que era o braço logístico, responsável por arrumar locais para guardar a carga roubada. 
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A operação conta com o apoio de 130 policiais civis de diversas delegacias do DGPB (Departamento Geral de Polícia da Baixada) e do DGPE (Departamento Geral de Polícia especializada), além da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). Os indiciados responderão por roubo qualificado, receptação, associação criminosa, lavagem de dinheiro, entre outros crimes.
'Bronca' em assaltante que oferecia carga
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Os áudios compartilhados pelo WhatsApp que fazem parte da investigação mostram toda a negociação dos produtos roubados, inclusive com fotos de todo material que era oferecido para Mohamed, com aparelhos automotivos, suporte de carro para prancha de stand up padle, equipamentos de GPS, além de produtos alimentícios, bebidas, cigarros, etc. Em um deles, o receptador tenta reduzir o valor além da metade do preço que está na nota, mas o assaltante diz que os integrantes da quadrilha não querem aceitar. O empresário diz que já tem um comprador e que ele vem de São Paulo
Mohamed: Tem que ver logo isso, cara, porque o cara vai vir de São Paulo pra buscar esse negócio, entendeu? Consegui pagador, agora é contigo.
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Assaltante: O problema é os outros amigo aqui. Eles... Tipo que eles trabalha, pô, com a metade da nota. A metade da nota é 120. Eles já tava querendo 90. Metade da metade, eles não quer, não, mané. Tentar convencer aqui.
Mohamed: Só tô dependendo da tua resposta, po cara pegar o avião e vir.
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Em outra conversa de negociação, Mohamed dá até 'esporro' em um dos criminosos, por conta do grande volume de mensagens: "É o que que é? O DVD, é o quê? Você também manda um montão de coisa. Tem que ser mais organizado, cara. Pô! Tu é crime ou não é? Tem que mandar organizadinho, 'pá'!". Ouça, abaixo, o áudio da conversa!
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Produtos eram negociados através do WhatsApp entre receptador e ladrões de carga. Eletrônicos geralmente ficavam com o empresário, que vendia em sua lojaDivulgação