Pastor Anderson, marido de Flordelis, foi assassinado em junho do ano passado - Arquivo Pessoal
Pastor Anderson, marido de Flordelis, foi assassinado em junho do ano passadoArquivo Pessoal
Por O Dia
Rio - O promotor Sérgio Lopes Pereira, do Ministério Público do Rio (MPRJ), disse que Flordelis e sua família não estão colaborando com as investigações sobre o assassinato do pastor Anderson do Carmo. A deputada federal é esperada na manhã desta segunda-feira para prestar depoimento sobre o caso.
"Se mata um ente querido, você quer saber quem matou esse ente e a forma de saber é colaborando com as investigações. Nós não estamos vendo isso por parte da família, infelizmente", disse o promotor, em entrevista ao Fantástico, da TV Globo Ele também reforçou, conforme já dito pela delegada Bárbara Lomba, que todos que estavam na casa são suspeitos. 
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Na reportagem, o advogado Fabiano Leitão Migueis, que representa Flordelis, rebateu a afirmação do promotor. "Ela quer colaborar. Ela está ansiosa que esse resultado venha logo, que isso seja esclarecido. E ela foi clara para mim: doa a quem doer, mesmo que o responsável ou os responsáveis seja um ente querido dela", falou.
A delegada Bárbara Lomba, titular da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI), investiga as motivações do crime e não descarta o envolvimento de pessoas próximas ao pastor no assassinato dele. O promotor também reforçou que Flávio, que confessou o crime, disse que "estava aborrecido com o pai por diversas coisas e no dia do fato ele vê o pai chegando, o encontra e resolve matá-lo". 
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A Polícia Civil já sabe que, no dia do crime, um parente do pastor ligou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) pedindo ajuda para que Anderson fosse socorrido. Os investigadores querem saber agora se a pessoa que fez a ligação, de fato, queria salvar Anderson ou se a solicitação foi apenas para despistar futuras investigações. Na última semana, um atendente do Samu prestou depoimento na DHNSGI. Os agentes esperam, agora, a gravação do pedido de socorro.
A deputada federal usou suas redes sociais, no sábado à noite, para dizer que gostaria de responder cada um dos seguidores que comentaram um texto anteriormente postado por ela em forma de desabafo. "Agradeço muito as mensagens que me dão força, e de solidariedade", disse ela no post, que aproveitou para esclarecer algumas mensagens críticas que recebeu.
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"Tem gente que estranha eu não acreditar que dois filhos meus são os autores, porque eles confessaram. Eu não quero acreditar e o meu coração de mãe me dá direito à esperança. As confissões não são suficientes para condenar e quem assistiu a entrevista da delegada ouviu ela também dizer a mesma coisa. Vamos aguardar o fim das investigações e do julgamento", afirma a pastora.
Flordelis foi intimada pela delegada Barbara Lomba, da DHNSG, a depor como testemunha na manhã desta segunda-feira. Neste sábado, a assessoria da deputada informou que ela comparecerá para a oitiva.

"Embora, como parlamentar, a deputada tenha a prerrogativa de escolher o dia e o local do depoimento, ela decidiu aceitar o convite nos termos formulados pela polícia, porque tem o interesse de colaborar com as investigações", diz nota.
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Na noite de quinta-feira, a TV Globo revelou que o depoimento de um outro filho de casal teria sugerido a participação de três irmãs e da própria deputada Flordelis no planejamento do crime. A arma utilizada na execução foi encontrada dentro da casa pela polícia, mas, até agora, os policiais não conseguiram achar o celular usado pela vítima.
Imagens revelam movimentação antes do crime
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Imagens da câmera de segurança da casa da deputada Flordelis, mostram Lucas dos Santos, de 18 anos, um dos filhos da parlamentar com o pastor Anderson do Carmo, entrando na casa às 3h08 com uma mochila. Logo em seguida ele sai do local já sem a bolsa e, cerca de 15 minutos depois, o carro com o casal chega. O pastor foi assassinado no domingo, dia 16. Lucas e o filho biológico de Flordelis Flávio dos Santos estão presos, acusados do crime.
Num primeiro momento, em depoimento, Lucas havia declarado que não tinha estado na casa no dia do crime. Agora, segundo a delegada, ele será confrontado com as imagens, que também mostram a polícia encontrando a arma do crime no quarto de Flavio na terça-feira, dia 18, quando os investigadores
foram cumprir mandado de busca e apreensão.
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Barbara Lomba também informou já ter intimado Flordelis a prestar um segundo depoimento como testemunha do caso (o primeiro aconteceu no próprio dia do crime), na semana que vem. A data e a hora ainda serão definidas com a defesa.
Contradição
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Ainda de acordo com a delegada, os investigadores têm informações seguras de que apenas uma arma foi usada no assassinato: a pistola apreendida no quarto de Flávio. Mas, segundo ela, ainda será preciso esclarecer como foi realizada a compra da arma do crime. Tanto Lucas quanto Flávio afirmam que compraram a arma na favela Nova Holanda, dois dias antes do crime.
Segundo Barbara Lomba, Flavio diz que Lucas ajudou com o dinheiro, mas Lucas nega essa informação, afirmando que somente apontou o local na comunidade onde Flávio poderia comprar a pistola. Ele diz que não sabia como Flávio iria usá-la. Os irmãos teriam pago R$ 8 mil pela arma, segundo Lucas, que informou também que Flávio pagou todo o valor de uma só vez. Já Flávio diz que Lucas é que pagou pela arma, pagando um total de R$ 3 mil.
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Sobre uma suposta participação de Flordelis no assassinato, a delegada preferiu não comentar. Mas revelou que, segundo relatos de familiares, o convívio do pastor com os filhos não era harmônico. “A vítima era a responsável por controlar o dinheiro da família. Até os gastos da deputada. Esse perfil controlador gerava brigas”, comentou.
A chefe das investigações contou que nenhuma das pessoas ouvidas até o momento no inquérito relatou uma relação extraconjugal da vítima. Perguntada sobre possível motivação financeira para o crime, a delegada falou que a informação não está descartada.