Luiza era estudante de ciências sociais da Uerj e também fazia curso na Escola de Cinema Darcy Ribeiro - Divulgação
Luiza era estudante de ciências sociais da Uerj e também fazia curso na Escola de Cinema Darcy RibeiroDivulgação
Por Adriano Araujo e Rafael Nascimento
Rio - A Justiça decretou a prisão temporária de Bruno Ferreira Correia, 36 anos, suspeito de matar a ex-namorada Luiza Nascimento Braga, 25 anos, estudante da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O pedido foi feito nesta terça-feira e autorizado pelo plantão judiciário. Ele era procurado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DH-Capital) para prestar depoimento, mas não foi achado.
Relatos de amigos nas redes sociais apontam Bruno como o suspeito. Ele sumiu da casa depois do crime e apagou as redes sociais, além de ligar para o proprietário do imóvel dizendo que ia viajar, levando quase todos seus pertences. Assim como a vítima, ele também estuda na Uerj, no curso de História, e ambos atuavam como militantes na universidade em causas ligadas aos direitos humanos.
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Bruno Ferreira Correia ao lado de Luiza: ele é o principal suspeito da morte da ex-namorada - Reprodução
Nesta terça-feira, os pais e duas primas de Luiza prestaram depoimento na Delegacia de Homicídios. Documentos do suspeito e dois notebooks que estavam em sua casa foram entregues à polícia para serem analisados. Um dos computadores seria da estudante. O aparelho da jovem não foi encontrado, mas informações dão conta que ele estava online em um aplicativo de mensagens na última segunda-feira, dois dias após o corpo da jovem ter sido encontrado. 
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"Ele não pode ficar impune, meus tios (pais de Luiza) estão à base de calmantes. A gente acorda todo dia é o pensamento é nela, a gente não se conforma. Não pode virar estatística, ligar a TV e ver um caso atrás do outro. Ele não pode ficar impune, ficar solto por aí", disse Jeane Barga, 28 anos, prima da vítima.
O pai da estudante reforçou a suspeita do ex-companheiro ser o assassino da universitária. "Eles se conheciam (começo do namoro) faria um ano, em julho. Estavam morando juntos há quatro meses, quando ela decidiu sair para ter a vida dela. Ele não aceitou, fazia chantagem, ia para médico, ligava para minha esposa querendo falar com ela", lembrou Luiz Antonio Pereira Braga.
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Luiza Nascimento Braga era estudante da Uerj e foi morta na Zona Oeste - Reprodução Facebook
Ele falou que a filha ficou incomunicável na terça-feira e foi para a casa do ex-namorado. O pai recebeu uma mensagem de Luiza, que desconfiou não ser dela. Após não conseguirem contato, os pais então decidiram ir até a casa do suspeito, no sábado. "Quando nós fomos no sábado, pedimos a chave, e encontramos o corpo dela todo roxo, desfalecido", disse, emocionado.
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Segundo Luiz Antonio, a filha nunca comentou sobre uma possível violência que o namorado tenha cometido, mas disse que o suspeito, estudante da Uerj, era inseguro quanto ao relacionamento com Luiza.
"Ela conversava mais com a minha esposa, que é mulher. Mas não tinha nenhum indício (de agressão), ele era muito ciumento e possessivo porque ela era bonita, tinha o jeito dela, comunicativa, falante. Não aceitou o fim do relacionamento e fez essa brutalidade, feminicídio. O que queremos é justiça, que encontrem ele para que pague pelo que fez, para não acontecer com outras famílias", lamentou o pai.
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A universitária postou uma mensagem sobre relacionamento abusivo antes de sua morte. A postagem em sua rede social aconteceu dia 11 de junho, possivelmente uma semana antes de sua morte. 
Jovem combativa e cheia de sonhos
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Luiza é descrita por amigos em relatos nas redes sociais como uma jovem combativa e que lutava pelo direitos das mulheres. O Núcleo de Estudos de Desigualdades e Relações de Gênero (NUDERG) da Uerj, que agrega pesquisa e extensão nas áreas de Gênero e Desigualdades, disse que Luiza "sonhava com uma sociedade mais justa para as mulheres e outras minorias sociais" em sua nota de pesar.
"Temos a memória viva de suas participações nas disciplinas do curso, mostrando-se fortemente engajada com o debate sobre a escolarização de meninas e jovens, interessada em identificar formas de empoderamento social, político, profissional e educacional das mulheres. Luiza sonhava com uma sociedade mais justa para as mulheres e outras minorias sociais. Manifestamos nossa solidariedade aos seus familiares e desejamos que a espera pelas respostas que anseiam seja abreviada pelo empenho e compromisso da Polícia, responsável pela investigação de sua morte", diz o texto.
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Luíza do Nascimento Braga era estudante da Uerj e foi morta na Zona Oeste. Familiares apontam namorado como suspeito - Reprodução Facebook
Além de estudar ciências sociais, Luiza também era fotógrafa e já colaborou na produção de três curtas metragens, tendo com paixões a fotografia e o cinema. Ela estava cursando Montagem e Edição de Imagem e Som na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, onde também colaborava no Centro de Documentação e Referência do Audiovisual. A instituição lamentou a morte da jovem.

Outras entidades e amigos usaram as redes sociais para lamentar a morte da estudante. "Luiza era doce, sonhava e era livre acho que ela precisa ser lembrada com esse sorriso lindo e a nós fica o desejo de que a justiça seja feita e de que o #feminicídio pare de acontecer. Vá em paz flor.
Sua luz será lembrada", postou uma amiga.