Ponto de ônibus na Estrada Raul Veiga, em São Gonçalo - Reprodução/ Google Street View
Ponto de ônibus na Estrada Raul Veiga, em São GonçaloReprodução/ Google Street View
Por Beatriz Perez
Rio - O Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) denunciou nesta segunda-feira que um motorista de ônibus foi sequestrado, ameaçado e agredido por traficantes na manhã de domingo. A ação teria sido uma represália, depois que bandidos exigiram da empresa a liberação do veículo para levar um grupo a uma partida de futebol. Segundo o Sintronac, a empresa teria se recusado e um grupo armado foi ao ponto final das linhas, no Mundel, em São Gonçalo, sequestrou um ônibus e o levou para o interior da comunidade, onde o motorista foi ameaçado e agredido.
A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, no domingo, policiais militares do 7°BPM (São Gonçalo) foram verificar denúncias na Rua Cidade de Lisboa, no bairro Barracão. No local, os policiais foram informados que criminosos armados obrigaram o motorista de um coletivo a fazer um determinado percurso com um grupo de pessoa. A ocorrência foi registrada na 74ª DP.
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A Polícia Civil informa que diligências estão sendo feitas e que as investigações estão em andamento. O motorista ainda não foi ouvido, segundo informações da 74ª DP. 
A empresa, no entanto, nega a versão de que o motorista foi coagido por criminosos. Segundo a Auto Ônibus Alcântara, ele foi abordado no ponto final da linha por um grupo que solicitou o transporte até uma partida de futebol em São Pedro, no município. Segundo a empresa, não houve coação por violência e o grupo não se apresentava atitude suspeita. "O motorista conduziu o veículo até o local e encontra-se bem", declarou em nota. A linha só voltou a operar normalmente às 8h desta segunda-feira. 
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O sindicato rechaça esta versão. "Se foi só isso, por que quatro linhas foram interrompidas por tanto tempo?", indaga o presidente Rubens dos Santos Oliveira. Ele acrescenta que o Sintronac obteve a denúncia por meio de relatos de rodoviários. 
A Auto Ônibus Alcântara não esclareceu até a publicação deste texto porque as linhas ficaram suspensas por tanto tempo se não houve uso de violência contra o funcionário. 
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Aviso anuncia suspensão de circulação de quatro linhas por causa de violência, em São Gonçalo - Reprodução/ Facebook
A vítima, que teve sua identidade preservada, foi intimidada e levou tapas, segundo o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira. Ele não soube dizer por quanto tempo o motorista ficou com os criminosos. "Ele sofreu agressão verbal e foi intimidado. Está muito abalado psicologicamente", conta. Ele afirma que o rodoviário receberá apoio médico, psicológico e jurídico do sindicato.
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Segundo Oliveira, em 2018, foram 450 motoristas afastados por consequência de estresse pela violência urbana nos treze municípios em que o sindicato atua.
Por causa da ocorrência, quatro linhas, que totalizam 20 veículos, saíram de circulação durante todo o dia. O transporte voltou ao normal nas três somente às 8h desta segunda-feira, afirma o sindicato.

As linhas que deixaram se circular foram: 23 (Mundel-Fórum), 30 (São Pedro-Fórum), 30C (São Pedro-Alcântara, via Pacheco) e 30A (São Pedro-Fórum, via Pacheco).

O Sintronac enviou ofício nesta segunda-feira ao 7° BPM (Alcântara) no qual solicita reforço de policiamento urgente nas localidades do Mundel, Vista Alegre e São Pedro, em São Gonçalo.
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O sindicato ressalta que em abril o transporte em São Gonçalo também foi interrompido em abril por causa da violência. A disputa entre quadrilhas do Salgueiro e Jardim Catarina suspendeu a circulação de 18 linhas. O presidente do Sintronac diz que estuda uma greve para chamar a atenção da insegurança dos rodoviários. 

“O Sintronac tem denunciado, há mais de dois anos, a escalada da violência em São Gonçalo, com ações cada vez mais agressivas por parte dos traficantes. Um grupo de trabalho criado pelo Sindicato, que envolve advogados e diretores, está estudando medidas para mobilizar as autoridades públicas em torno desta questão. Entre elas, não se descarta uma greve ou um grande protesto, como últimos recursos dos trabalhadores diante de uma situação, que está se tornando insustentável”, afirma o presidente do Sintronac.