Jorge Vitor tocava surdo na bateria da escola de samba - Arquivo Pessoal
Jorge Vitor tocava surdo na bateria da escola de sambaArquivo Pessoal
Por RAI AQUINO
Rio - Dois dos quatro mortos da chacina de Belford Roxo, que aconteceu na noite do último sábado, eram integrantes da escola de samba Inocentes de Belford Roxo. Jorge Victor da Silva Ribeiro, de 23 anos, e Elaine Menezes, 36, eram da bateria e de uma ala da agremiação que desfila na Séria A do Carnaval carioca, respectivamente.
Jorge, que morreu quando se apresentava com a banda Nosso Grupo no bar, tocava surdo na escola.
Publicidade
"Ele já estava há bastante tempo na escola. O Nosso Grupo era muito ligado à gente e fazia shows abrindo diversas comemorações da escola", conta o presidente da Inocentes, Reginaldo Gomes.
Publicidade
Elaine era integrante de uma ala da comunidade, organizada por moradores vizinhos ao bar Rei do Peixe, alvo dos bandidos no fim de semana. No Carnaval deste ano, ela desfilou pela primeira vez na escola.
"Não é só a escola que está chocada com o que aconteceu por causa de seus integrantes, mas a cidade inteira. Foi um tiro no peito de cada morador de Belford Roxo. A violência já é muito grande por aqui e ainda temos essa chacina. Estamos muito tristes", lamenta Reginaldo.
Publicidade
EVENTOS ADIADOS
Publicidade
Diante da situação de violência no município, que teve um de seus auges com a chacina do último fim de semana, a Inocentes de Belford Roxo decidiu adiar a comemoração de seu 26º aniversário, marcada para este mês. A celebração iria acontecer no Belford Roxo Country Clube, que fica a poucos metros do local do crime.
"Adiamos porque estamos assustados de fazer um evento com muita gente e não ter a certeza de que as pessoas vão se divertir e voltarão com segurança para casa", defende o presidente da escola.
Publicidade
Além da comemoração do aniversário da agremiação, Reginaldo diz que também foram suspensas as atividades de um projeto realizado toda quarta-feira. O dirigente afirma ainda que o início das atividades da escola, que começam em julho, está comprometido por causa da violência no município.
Publicidade
"O índice de violência é grande em quase todos os bairros de Belford Roxo. Queríamos pedir ao governo do estado, que é o responsável pela segurança, que possa pelo menos aumentar o contingente do batalhão da cidade (39º BPM). Temos quase 600 mil habitantes e em torno de 200 a 250 policias no batalhão e ainda em escala. Então, você deve ter em torno de 50 policiais por dia patrulhando uma área de 77 km²", critica.
Procurada pelo DIA, a Polícia Militar ainda não se manifestou sobre o policiamento em Belford Roxo.
Crime aconteceu na noite deste sábado - Luciano Belford / Agência O Dia
Publicidade
ENTERRO
Dos mortos na chacina, dois foram enterrados nesta segunda: o músico Jorge Victor e Fabrine Regiane Marques, 25. Nesta terça, a família de Elaine disse que está providenciando a certidão de óbito dela para fazer o sepultamento de seu corpo.
Publicidade
Dos 10 feridos que foram levados para o Hospital Geral de Nova Iguaçu (Posse), seis continuam internados na unidade. De acordo com a prefeitura do município, dois passaram por cirurgia e todos estão com o quadro de saúde estável.
O bar Rei do Peixe fechou às portas após a chacina - Luciano Belford / Agência O Dia