Enterro da idosa morta a golpes de chave de fenda na cabeça aconteceu no cemitério de Sulacap - Estefan Radovicz
Enterro da idosa morta a golpes de chave de fenda na cabeça aconteceu no cemitério de SulacapEstefan Radovicz
Por RENAN SCHUINDT
Rio - Foi sepultado ontem, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio, o corpo de Helena Morier Fonseca, de 78 anos, vítima de um assassinato brutal, ocorrido no último sábado, na Praça Seca, na mesma região. A aposentada foi morta por Wallace Sampaio da Silva, de 20 anos, com golpes de chave de fenda. O rapaz foi entregue à polícia ontem, pela própria mãe, por medo de represálias de milicianos. Segundo o delegado responsável pelo caso, o jovem não demonstrou arrependimento. Wallace havia sido contratado para prestar um serviço de restauração após ser indicado por um conhecido da família de Helena. Na segunda-feira, outra idosa foi morta em casa, na Freguesia. Severina Firmina Gonçalo, de 74 anos, foi vítima de um golpe no pescoço. Câmeras de segurança flagraram um suspeito deixando a casa da vítima com uma televisão. Diligências estão sendo realizadas e as investigações seguem em andamento na Delegacia de Homicídio da Capital (DH)
Segundo familiares de Helena, o rapaz foi contratado para fazer um trabalho de restauração nas portas e janelas na casa da aposentada, na Vila Maravilha. Wallace foi flagrado pelas câmera de segurança da vila onde a idosa morava, por volta das 8h. Ele levou cerca de 50 minutos até sair do local.
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De acordo com o delegado responsável pelo caso, Jefferson Ferreira, no momento em que foi encontrado, na casa dos pais, Wallace só estava preocupado se iria ser preso. O rapaz alegou ter sido agredido pela idosa, o que foi descartado pelo delegado. "Esse fato foi totalmente descartado por causa do porte físico dele", disse. Ainda de acordo com o delegado, o rapaz foi preso na casa dos pais. "Localizamos o paradeiro e o prendemos. Ele não se arrependeu em nenhum momento, pelo contrário, ficou preocupado se iria ser preso ou não", afirmou.
De acordo com o delegado, o jovem poderá responder por homicídio ou latrocínio (roubo seguido de morte), já que um celular e cerca de R$ 200 foram levados da casa da idosa. No entanto, a polícia quer saber em que momento o material foi roubado. "A gente está vendo se a morte foi decorrente dessa subtração ou se foi depois do crime", alegou Ferreira.
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Ontem, a deputada estadual e presidente da Comissão de Assuntos da Criança do Adolescente e do Idoso da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Roseane Félix (PSD), disse que pretende acompanhar de perto os casos. "É extremamente alarmante. Os idosos estão em posição frágil e precisam ter os seus direitos resguardados, uma vez que a população do o nosso estado está sofrendo imensamente com a violência", disse.
Costureira e dona de uma banca de roupas, Marina Francisca Silveira, de 76 anos, mora sozinha em um apartamento no Bairro de Fátima, no Centro. Por medo de ser vítima de violência, adotou seus próprios métodos de segurança. "Eu não contrato pessoas que eu não conheço para fazerem serviço na minha casa. Eu tenho um faxineiro que vem na minha casa de 15 em 15 dias, mas eu o conheço. Fico de porta trancada à noite e durante o dia fica aberta, mas eu tenho uma grande segurança, que é o portão de ferro que fica antes da entrada da minha casa. Como eu trabalho com costura e tenho muitas clientes, as pessoas vêm na minha casa, mas são clientes conhecidos, que eu tenho telefone, sei o endereço", conta Marina.
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Idosos precisam ter cuidado
O aumento da população idosa no país é cada vez maior. E com ele, também cresce o número de criminosos especializados em coagir pessoas da terceira idade. Para evitar que mais vítimas caiam em golpes, Sueli Murat, delegada titular da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (DEAPTI), diz que atua na prevenção. Por meio de palestras e encontros que acontecem na própria delegacia, que fica em Copacabana, na Zona Sul, a delegada recebe grupo de idosos que buscam informação. Eles criaram uma rede, e ficam atentos à golpistas dos mais variados estilos. 
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"Temos encontros às terças e quartas, sempre aberto à população. O objetivo é informar aos idosos sobre as práticas que esses bandidos estão adotando", diz a delegada. Segundo Sueli, os idosos precisam estar atentos aos golpes, que hoje, vem por diversos meios. "Tem o tipo garotão, que mira em idosas que se sentem solitárias. Tem o golpe do bilhete premiado, onde a vítima acaba perdendo suas economias. Tem o boleto falso, geralmente impresso em papeis de baixa qualidade e cheio de falhas. Esses são alguns", conta.
Embora o telefone celular possa ser uma ferramenta que ofereça mais segurança durante as transações bancárias, por exemplo, a delegada diz que o uso por parte de idosos têm sido motivo de preocupação. "Os idosos também querem se atualizar. E isso também ocorre em relação à tecnologia. Neste caso, com o celular. Links de aplicativos, site falsos e compras online, podem representar um risco à mais.
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Para Sueli, o mesmo acontece em relação à pressa na hora de efetuar um pagamento. "As máquinas de cartão de crédito devem ser checadas antes de qualquer operação. Desconfie da tela escura, botões faltando ou facilidades demais. Peça ajuda à pessoas devidamente identificadas", sugere. Ainda segundo a titular, idosos devem estar atentos na hora de contratar e receber um desconhecido em casa. "Se estiverem sozinhos, chamem algum conhecido. Evitem abrir as portas para qualquer pessoa", finaliza.