O PM Clayton da Silva Novaes foi um dos presos na operação desta quarta - Cléber Mendes / Agência O Dia
O PM Clayton da Silva Novaes foi um dos presos na operação desta quartaCléber Mendes / Agência O Dia
Por RAFAEL NASCIMENTO e RAI AQUINO
Rio - O PM reformado Clayton da Silva Novaes foi preso, na manhã desta quarta-feira, durante uma operação do Departamento Geral de Combate à Corrupção ao Crime Organizado e a Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD) da Polícia Civil. Ele, que entrou para a Polícia Militar em 2012 e deixou a corporação em 2015 por problemas de saúde, foi encontrado em casa, no bairro Lajes, em Paracambi, na Região Metropolitana do estado.
Além dele, outras seis pessoas foram presas por envolvimento em lavagem de dinheiro da quadrilha de Wellington da Silva Braga, o Ecko, que comanda a maior milícia do estado.
Publicidade
A operação também pretendia prender Luís Antônio da Silva Braga, conhecido como o Zinho, de 39 anos. Ele, que é irmão de Ecko, é considerado foragido. Zinho e os demais alvos da operação fazem parte do braço financeiro da quadrilha, que movimentou cerca de R$ 41 milhões de 2012 a 2017.
A ação também cumpriu 10 mandados de busca e apreensão, além de ter conseguido na Justiça o bloqueios de contas e o sequestro de R$ 11 milhões dos alvos. Além de Paracambi, os mandados também foram cumpridos em endereços ligados à milícia na Zona Oeste do Rio.
Publicidade
Em abril, a Polícia Civil já havia sequestrado R$ 5 milhões da quadrilha. À época, cinco imóveis localizados na Zona Oeste e na Baixada Fluminense, incluindo uma casa de classe média alta com piscina e churrasqueira, joias e nove carros com valores entre R$ 80 mil e R$ 160 mil foram penhorados. Segundo os investigadores, o material faz parte do esquema financeiro da milicia.
Procurada pelo DIA, a PM informou que a Corregedoria da secretaria participou da operação de hoje e que Clayton da Silva Novaes foi encaminhado ao Batalhão Especial Prisional (BEP), em Niterói.
Publicidade
Os alvos da operação:
1. PM reformado Clayton da Silva Novaes (preso)
Publicidade
2. Jenílson Simões Gonçalves (preso)
3. Sidnei Coutinho Perrut (preso)
Publicidade
4. Fabiana Castilho Alves Duque (presa)
5. Márcio Jacob Hessel (preso)
Publicidade
6. Carla dos Santos Alves da Silva (presa)
7. Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho (foragido)
Da esquerda para a direita e de cima para baixo: Jenílson Simões Gonçalves, Sidnei Coutinho Perrut, Fabiana Castilho Alves Duque, Márcio Jacob Hessel e Carla dos Santos Alves da Silva - Reprodução
Publicidade
De acordo com a chefe do DGCOR-LD, a delegada Patrícia Alemany, os alvos da operação de hoje abriram várias empresas de incorporação e exploração de areia e saibro na Baixada Fluminense para "lavar" o dinheiro do grupo paramilitar. Eles também estão envolvidos em mortes de integrantes de empresas concorrentes em municípios da região.
A principal empresa investigada pelos crimes da organização criminosa é a Macla Comércio e Extração de Saibro, de propriedade de Zinho. 
Publicidade
As outras empresas investigadas são:
. Hessel Locação e incorporações, que fez movimentação de valores da Macla diretamente para a conta de Zinho
Publicidade
. Senna Terraplanagem, atualmente de propriedade de Jenadir de Senna Gonçalves, pai de Renata Simões Gonçalves, ex-esposa de Zinho, que se matou em março
. Jardim das Acácias Mineração, que tem o mesmo nome de um bairro em Seropédica e é foco de vários areais explorados pelo grupo
Publicidade
"Esse é o diferencial de exploração de água e exploração mineral do solo que essas empresas fazem tanto para usufruir desse recurso quanto para lavar dinheiro", destaca Alemany. 
Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho - Divulgação / Disque Denúncia
ASSASSINATO EM 2014
Publicidade
A polícia também investiga como uma empresa teve seus negócios assumidos pela Macla após uma morte. A Castilho Alves, empresa de terraplanagem e extração de saibro, teve seu dono, Alexsander de Castro Santos, assassinado em junho de 2014 pelo então líder da milícia Liga da Justiça, o ex-PM Marcus José de Lima Gomes, o Gão.
O inquérito policial apontou que em agosto daquele ano, na prisão de Gão, foi apreendido um fuzil que foi usado na morte de Alexsander e de seu mecânico, Juliano Cesar Viana Madeira. O crime aconteceu na frente da casa de Alexsander, em Nova Sepetiba, na Zona Oeste. Na época, foi conseguido o bloqueio e o sequestro de aproximadamente R$ 11 milhões.
Grupo criava empresas de extração de areia para 'lavar' dinheiro da quadrilha - Reprodução
Publicidade
DESDE 1990
De acordo com o Ministério Público estadual (MPRJ) a quadrilha que hoje é liderada por Ecko atua desde a década de 1990 em Santa Cruz e Campo Grande, na Zona Oeste da capital. Atualmente a organização criminosa tem várias ramificações no estado, dentre elas uma no município de Paracambi.
Publicidade
Zinho e Ecko são irmãos de Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, miliciano que chefiou Liga da Justiça até a sua morte, em abril de 2017.
A quadrilha liderada por Ecko atua coagindo moradores e comerciantes das regiões onde atuam. Com o uso de violência ou grave ameaça e armados, eles também controlam motoristas/proprietários de vans e kombis, legalizados ou piratas.
Publicidade
RECOMPENSA DE R$ 1 MIL
Publicidade
Foragido da operação de hoje e da Justiça, contra Zinho há três mandados de prisão em aberto, por organização e associação criminosa e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. O Disque Denúncia oferece uma recompensa de R$ 1 mil para quem der informações que levem a sua captura.
Em uma operação realizada em fevereiro, na casa de Zinho, no Recreio dos Bandeirantes, foram apreendidos cerca de R$ 125 mil em espécie e grande quantidade de joias e relógios. Zinho não estava na residência. A casa onde ele vivia, avaliada em R$ 1,5 milhão, também foi "sequestrada".
Publicidade
Além da casa de Zinho, na ocasião foram "sequestrados" um sítio em Seropédica, na Baixada, que pertence a Danilo Dias Lima, suspeito de comandar a milícia que atua no município; a casa de um policial em Campo Grande, avaliada em R$ 1 milhão, e um outro imóvel de Danilo, localizado no Centro de Itaguaí, avaliado em R$ 850 mil.
Recompensa para captura de Zinho é de R$ 1 mil - rlima