Linha 3 está pronta desde dezembro de 2018, mas não foi inaugurada por falta de verba - Alexandre Brum / Agência O Dia
Linha 3 está pronta desde dezembro de 2018, mas não foi inaugurada por falta de verbaAlexandre Brum / Agência O Dia
Por GUSTAVO RIBEIRO
Rio - Com sua primeira linha inaugurada há apenas três anos, o VLT Carioca começa a entrar em rota de colapso. A concessionária responsável pelo serviço anunciou nesta quinta-feira que acionou a Justiça para solicitar a rescisão do contrato de concessão, assinado em 2012 com validade de 25 anos. De acordo com a empresa, o motivo da desistência da operação é inadimplência e descumprimento do contrato por parte da Prefeitura do Rio há mais de um ano. Os valores devidos ultrapassam R$ 150 milhões, referentes ao investimento realizado para a construção do sistema, de acordo com os operadores.

Segundo o VLT Carioca, mais de 80 mil passageiros são transportados diariamente. Em comunicado oficial, a concessionária ressaltou que tenta negociar com a prefeitura, desde dezembro de 2018, pendências financeiras que impediam a circulação da linha 3, último trecho do sistema, que liga a Central do Brasil ao Aeroporto Santos Dumont. "Sem chegar a um acerto, o VLT negociou com seus fornecedores e solicitou autorização para operar o trecho em 9 de maio. O pedido segue sem resposta, deixando passageiros e comerciantes da região desatendidos", afirmou a empresa em nota.
O DIA revelou, em janeiro, que a linha 3 está pronta desde dezembro de 2018, mas impossibilitada de funcionar devido a dívidas da prefeitura com os operadores.

A concessionária destacou que já se colocou à disposição para revisar a demanda contratual em diversas oportunidades e que a proposta, inclusive, foi oficializada em carta. No entanto, não houve resposta pelo poder concedente, informou o VLT Carioca.

"Em todas as tentativas de acordo, a concessionária buscava uma solução para o acerto da dívida relacionada ao investimento feito para a implantação das linhas, que não tem relação com o número de passageiros transportados. O contrato prevê que o investimento realizado para a construção do sistema seja retornado ao longo do tempo como uma espécie de financiamento de longo prazo. Com o pagamento interrompido desde maio de 2018 essa dívida hoje ultrapassa os R$ 150 milhões", completou a empresa.
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"Ainda assim, o VLT manteve a prestação do serviço sem reduzir as operações, o que tem sido possível apenas com aportes extras realizados pelos acionistas. É assim que o sistema segue transportando seus mais de 80 mil passageiros diários, que poderiam chegar, por exemplo, a 150 mil, com a entrada da linha 3 e a reorganização de linhas de ônibus no Centro. A Concessionária lamenta que um investimento deste porte realizado na mobilidade urbana da cidade, vital para o desenvolvimento da região portuária e que conecta todos os modais da região central de forma sustentável, não seja valorizado", encerrou o grupo.
O DIA entrou em contato com a prefeitura, que informou ainda não ter sido notificada.