Maria do Socorro do Nascimento, mãe de Renatinho Problema, recebia parte dos lucros da Milícia de Itaboraí para o filho, que está preso na penitenciária Bandeira Stampa - Reprodução
Maria do Socorro do Nascimento, mãe de Renatinho Problema, recebia parte dos lucros da Milícia de Itaboraí para o filho, que está preso na penitenciária Bandeira StampaReprodução
Por Rafael Nascimento e Beatriz Perez
Rio - Dentre as mulheres presas na operação que mirou um grupo miliciano que atuava em Itaboraí, foi presa em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, a mãe de Renato Nascimento dos Santos, o Renatinho Problema. Ele já estava preso na Penitenciária Bandeira Stampa, conhecida como Bangu 9, e é um dos alvos da operação. Renatinho comandava, com o sargento da PM Fábio Nascimento de Souza, conhecido como China, esta 'franquia' da milícia de Orlando de Curicica, preso no presídio federal de Mossoró, em Itaboraí, na Baixada Fluminense. China foi preso em casa nesta quinta-feira.
O delegado responsável pelas investigações, Gabriel Poiava, disse que Maria do Socorro do Nascimento dos Santos recolhia parte dos lucros da quadrilha em nome do filho. O valor era de R$10 mil a R$ 15 mil por mês. Ela entregava parte desta quantia ao filho na prisão.
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A mãe do miliciano Renatinho Problema foi presa por recolher para o filho parte dos lucros da organização criminosa que atua em Itaboraí, na Baixada Fluminense - Fernanda Dias
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Além de Maria do Socorro, outra mulher, que exercia a função de gerente financeira do grupo foi presa. Rosane Moreira da Silva da Conceição Almeida, a Tia Rosa, decidia o que a milícia compraria, como armas e combustível. A Tia Rosa, também conhecida como Rose, é casada com um dos integrantes da milícia, o Negão. O filho dela também já foi indiciado.
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Chamou a atenção dos investigadores a participação ativa de mulheres nesta milícia. " Mais de dez ao longo das investigações foram presas", disse Poiava. As mulheres faziam a função de recolhedoras das chamadas taxas de segurança sempre acompanhadas de homens fortemente armados. "Para dissimular e não chamar a atenção das forças de segurança, o grupo usava dessas mulheres para fazer os recolhes. Nessa investigação identificamos um perfil (o da presença de várias mulheres) que não é tão comum. É uma mudança e novidade nesta milícia", disse o delegado Gabriel Poiava.
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Megaoperação mira mais de 70 pessoas ligadas ao miliciano Orlando Curicica
A Polícia Civil fez, nesta quinta-feira, uma megaoperação em vários pontos do Rio, Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Rio Bonito para cumprir 74 mandados de prisão contra um grupo paralimitar ligado ao ex-PM e miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica — preso desde outubro de 2017. Dentre os alvos estavam dois policias militares e dois ex-PMs.
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A operação acabou com 42 mandados de prisão cumpridos (25 contra pessoas que já estavam presas). O bando é acusado de aterrorizar moradores e comerciantes em Itaboraí há cerca de um ano e meio, garantindo lucro mensal de R$ 500 mil.
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Miliciano preso em operação se passava por policial civil e dirigia viaturas de delegacia
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Dos PMs, um já estava preso pela chacina de Itaboraí, que deixou 10 mortos no último dia 20 de janeiro, e outro que estava solto.
O sargento Fábio Nascimento de Souza, conhecido como China, era um dos principais alvos da operação. Lotado na UPP Borel, ele foi encontrado em casa, em Rio Bonito, e uma pistola calibre 380 que estava com ele foi apreendida.
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Dos ex-PMs, estão Alexandre Louback Geminiani, o Playboy, que conseguiu fugir quando os policiais chegaram à casa dele, em Niterói. Ele, que também é uma das lideranças da milícia, pulou do quarto andar de seu prédio e escapou. Uma mulher apontada como companheira dele foi detida no local. O ex-policial é considerado foragido.