Rio de Janeiro 09/07/2019 - Patrimonios do Rio - Igreja Nosso Senhor do Bonfim, Caju. Foto: Luciano Belford/Agencia O Dia - fotos Luciano Belford
Rio de Janeiro 09/07/2019 - Patrimonios do Rio - Igreja Nosso Senhor do Bonfim, Caju. Foto: Luciano Belford/Agencia O Diafotos Luciano Belford
Por O Dia

Rio - Construída em 1850, a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim e de Nossa Senhora do Paraíso, no Caju, Zona Central do Rio, foi tombada pelo município em 2007. Há dez anos, entretanto, está completamente abandonada. Com teto de madeira desabando, paredes em ruínas e peças sacras roubadas, só o que restou foi uma estrutura decadente e um cachorro que mora no templo católico. Até mesmo o sino já sofreu tentativa de roubo. São relíquias de um patrimônio cultural que contam a história da cidade, mas têm futuro incerto.

"De forma geral, os monumentos da cidade são menosprezados, muitos correm risco de desabar. Essa igreja, por exemplo, era bela representante dos estilos neoclássicos e barroco", afirma o historiador Milton Teixeira.

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan), o Convento de Santo Antônio, na Carioca, teve obras de restauro interrompidas há cinco anos, com o fim de um contrato de restauro com o BDNES e a Petrobras.

"É um convento de 1608, então é preciso restauro completo. Eles fizeram apenas o teto da igreja e cortaram o dinheiro. Se ocorre um incêndio aqui, o desastre seria ainda pior do que no Museu Nacional, porque há poucos acessos", pondera Frei Neylor, de 81 anos. Ele calcula que as obras custariam mais de R$ 30 milhões.

Já a Vila Operária, na Avenida Salvador de Sá, no Estácio, ainda conta com a esperança dos moradores. Isso porque, no início do mês, a Justiça condenou o município do Rio a preservar e restaurar o local. A decisão da 15ª Vara de Fazenda determina que as medidas devem ser tomadas em 360 dias. Em caso de não conclusão das intervenções, estabeleceu multa diária de R$ 10 mil. Inaugurada em 1908, a vila é constituída por 120 unidades.

"Era uma vila modelo, muito bonita. Foi criada para substituir as casas tombadas por Pereira Passos", explica o historiador. Residente há cinco anos da vila, Luzia Asfurtado, 54 anos, tem medo do desabamento do imóvel: "Tudo aqui é de madeira. Quanto tem temporal, minha casa fica toda molhada".

Declarado Patrimônio Imaterial da Humanidade há dois anos, o Cais do Valongo ainda não tem a infraestrutura acordada com a Unesco, como sinalização, paisagismo e iluminação. "É um dos maiores portos de desembarque de escravos existentes no mundo. Mas as grades estão quebradas e há lixo acumulado. Se a Unesco achar que não há investimentos, o título pode ser retirado", alerta Milton.

Em nota, o Iphan informou que a primeira etapa do projeto de conservação do cais está em andamento. "Envolve o planejamento da obra, contratação da empresa de restauro e arqueólogo, e do projeto de drenagem. A conclusão final das intervenções está prevista para março de 2020". 

 

*Reportagem da estagiária Luana Dandara

 

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