Na manhã de ontem, carros circulavam pela Niemeyer normalmente - Reginaldo Pimenta
Na manhã de ontem, carros circulavam pela Niemeyer normalmenteReginaldo Pimenta
Por RAFAEL NASCIMENTO
Rio - Apesar da interdição do tráfego de veículos na Avenida Niemeyer, em vigor desde 28 de maio, por determinação judicial, depois que temporais provocaram deslizamentos de terra das encostas, o que se vê
na prática não reflete o que deveria ser cumprido pela Prefeitura do Rio. Ontem de manhã, O DIA circulou no local das 8h10 às 10h30 e flagrou carros, vans e motos transitando livremente nos dois sentidos da via, que liga o Leblon a São Conrado, na Zona Sul.
Existem cinco barreiras para evitar a passagem de carros, ônibus e motos, no entanto, não havia nenhum agente da prefeitura nestes locais no período em que a reportagem esteve na Niemeyer. Valendo-se disso, motoristas têm desrespeitado o bloqueio e estão atravessando a avenida diariamente.
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Segundo moradores, que preferem não se identificar, há semanas a Guarda Municipal — que deveria bloquear o trânsito no local — não aparece na via. Uma placa onde está escrito “interditado por determinação judicial” avisa a quem chega na Avenida Niemeyer, pelo Leblon, de que a partir dali não é permitido seguir caminho, mas muitos motoristas ignoram o alerta.
 
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O QUE DIZ A GM
A Guarda Municipal, através de sua assessoria, garantiu que as equipes estavam atuando normalmente na via, ontem. Em nota, a GM esclareceu que “mantém seis agentes de trânsito atuando diariamente nos acessos à Avenida Niemeyer, controlando a interdição da via nos dois sentidos”.
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Ainda segundo a GM, todos os moradores da região estão autorizados a acessar a avenida. Os bloqueios funcionam na esquina das avenidas Delfim Moreira e Visconde de Albuquerque, no Leblon; na Avenida Niemeyer, no acesso ao Morro do Vidigal, e na altura da Avenida Prefeito Mendes de Moraes, em São Conrado.
Para o promotor de Justiça Marcus Leal, da 1ª Promotoria de Tutela Coletiva de Defesa da Ordem Urbanística da Capital, o Ministério Público poderá requerer à Justiça a aplicação de multa à prefeitura, se houver a comprovação do desrespeito à ordem de bloqueio da via.
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CAMINHADA DE 2,5 QUILÔMETROS
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A circulação de micro-ônibus para os moradores do Vidigal, autorizada pela Justiça durante a interdição da Avenida Niemeyer e prevista para iniciar ontem, teve que ser adiada. A Rio Ônibus informou, em nota,
que o prazo foi estendido para ajustes técnicos. Sem a medida, os passageiros poderiam ter que pagar duas tarifas dentro do prazo de duas horas e meia da validade do Bilhete Único, informou o comunicado.
Na Niemeyer interditada, Aparecida e Sueli fazem percurso a pé - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
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De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes, a linha fará o itinerário Praça do Vidigal - Jardim de Alah, de 6h às 23h, com uma frota de quatro carros, que poderá ser reduzida a dois aos sábados, domingos e feriados. A tarifa será de R$ 4,05. Ontem, como tem sido desde a interdição da via, os moradores
tiveram que enfrentar os 2,5 quilômetros a pé até o Leblon.
Foi o caso da auxiliar de creche Patrícia Martins, de 38 anos. Com termômetros marcando 18°C e uma garoa
fina, ela teve que levar a filha Catarina, de 2 anos, no colo, até a escola, na Gávea. “A pé, precisamos sair de casa com quase duas horas de antecedência para não nos atrasarmos”, explicou.
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A dura maratona diária também enfrentada pelas amigas Aparecida Costa, 64, e Sueli Carvalho, 43. Ambas trabalham como domésticas em Copacabana e Botafogo, respectivamente, e têm que descer a via todos os dias. “Se não descermos a pé, no fim do mês dói no bolso. Os nossos patrões só pagam uma
passagem”, ressaltou Aparecida.
“É um descaso com a população. Cadê o micro-ônibus”, perguntou Sueli. A Rio Ônibus informou, ainda, que o funcionamento do micro-ônibus será interrompido em dias de chuva conforme decisão judicial, que menciona riscos de deslizamento na Niemeyer.