Hospital Universitário da UFRJ, no Fundão, já estaria registrando maior procura de pacientes com covid-19, nas últimas duas semanas - Armando Paiva
Hospital Universitário da UFRJ, no Fundão, já estaria registrando maior procura de pacientes com covid-19, nas últimas duas semanasArmando Paiva
Por Ana Mello*
Rio - Uma estudante do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) denunciou um caso de assédio que aconteceu em junho deste ano, durante uma consulta com um médico no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), no campus Fundão, Zona Norte do Rio. O caso, ocorrido no dia 13 do mês passado, veio à tona esta semana e o suspeito seria um médico residente do hospital.
De acordo com a jovem, ela tinha uma consulta marcada com outro médico, quando foi abordada pelo residente de cirurgia plástica nos corredores do Hospital Universitário.
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"Ele perguntou se eu estava ali para botar silicone e falou para entrar na sala. Tinha outra paciente lá dentro e ele mandou eu tirar a blusa, dizendo que ia me examinar. Começou a fazer comentários esquisitos, que meu seio era agradável e parecia com o da ex-namorada dele."
A estudante contou ainda que o médico residente perguntou se ela tinha autorização do namorado para colocar as próteses. Ao responder que não tinha namorado, ele teria a convidado para sair. "Ele disse que eu já podia sair com ele para tomar um drink e começou a querer marcar algo sem eu falar nada", conta.
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O residente encerrou a consulta com as duas pacientes e a vítima voltou ao corredor para esperar o seu médico. Até que o suspeito de assédio a chamou novamente e, dessa vez, numa sala vazia.
"Ele fechou a porta, mandou eu sentar na maca, pediu para eu fechar os olhos, me agarrou no meio da sala de atendimento e me beijou. Eu o afastei, disse 'tá maluco?' e ele saiu rindo da sala."
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O registro de assédio foi feito na Delegacia de Atendimento a Mulher (Deam), no Centro do Rio. Segundo a especializada, o caso foi tipificado como importunação sexual e as investigações seguem em andamento. A vítima também procurou a direção do hospital, a universidade, o Ministério Público Federal (MPF) e o Conselho Regional de Medicina do Rio (CREMERJ) para formalizar a denúncia.
De acordo com a Direção Geral do Hospital Universitário, o caso foi comunicado e está em andamento pela Comissão de Ética Médica da Unidade. A apuração dos fatos também segue sendo feita.
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O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro informou que recebeu a denúncia e respondeu em nota que "o caso está em fase de apuração".
Procurado, o MPF ainda não respondeu a demanda da reportagem.
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Para a aluna que denuncia o assédio, o sentimento é de vergonha e medo.
"Me sinto desprotegida porque se aconteceu comigo que sou aluna, imagina o que pode acontecer com uma paciente que não tem conhecimento que isso pode ser um assédio e um estupro. E também me sinto envergonhada pela UFRJ deixar um cara desse se formar e dizer que fez residencia lá, no mesmo lugar que eu".
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Nas redes sociais, o coletivo de mulheres da Faculdade de Medicina da UFRJ publicou uma nota de repúdio sobre o caso.
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*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes