Carros da polícia seguem para cemitério, entre Queimados e Japeri - Reginaldo Pimenta
Carros da polícia seguem para cemitério, entre Queimados e JaperiReginaldo Pimenta
Por RAFAEL NASCIMENTO
Rio - A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) encontrou o cemitério clandestino da milícia de Queimados, que estava sendo procurado depois da operação feita contra o grupo paramilitar nesta quinta-feira. O local fica em uma região de mata entre Queimados e Engenheiro Pedreira, em Japeri, a cerca de 3 km da Rodovia Presidente Dutra (BR-116). O cemitério está dentro de um sítio abandonado, acessado apenas através de uma estrada de terra.
Na manhã desta sexta, policiais e agentes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros foram até o local e encontraram os corpos de dois homens, um deles sem a cabeça (que não foi encontrada), que estavam em estado de decomposição. Os corpos estavam em um poço artesiano com cerca de 15 metros de profundidade e foram retirados do local no início da tarde. Eles, que ainda não foram identificados, foram levados ao IML de Nova Iguaçu.
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De acordo com o promotor Fabio Corrêa, do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público estadual (Gaeco/MPRJ), um dos corpos pode ser do homem morto no porta-malas de um Volkswagen Fox preto encontrado na operação de ontem. O carro foi encontrado com um facão e marcas de sangue recentes no porta-malas.
"É muito usual as milícias matarem e esconderem os corpos de seus desafetos, pois assim elas conseguem controlar o índice de violência. Por isso, passamos a considerar como pessoas desaparecidas e não homicídios, dificultando ainda mais que se enxergue o que de fato está acontecendo na região", destaca o promotor.
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A polícia acredita que a milícia de Queimados tenha matado e ocultado os corpos de pelo menos 50 pessoas.
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"É preciso que as pessoas que têm seus parentes desaparecidos procurem a delegacia para fazer o registo. Não precisam ter receio", Corrêa defende.
Corpos encontrados nesta sexta estavam em um poço - Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
OPERAÇÃO HUNTER
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A ação contra o grupo paramilitar de Queimados, realizada nesta quinta, cumpriu 26 mandados de prisão contra integrantes do bando, que se autointitula Caçadores de Ganso. O principal alvo foi o PM reformado, vereador e ex-secretário de Defesa Civil do município Davi Brasil (Avante), de 52 anos. Ele é apontado como o chefe da quadrilha.
Um dos outros principais procurados conseguiu fugir dos policiais. Carlos Luciano Soares da Silva, conhecido como Macaco Louco, 34, é apontado como um dos matadores da quadrilha. Após a fuga dele, o Disque Denúncia divulgou que está oferecendo uma recompensa de R$ 1 mil pela sua captura.
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"Por muito pouco ele escapou. Isso só aconteceu porque ele recebeu um aviso de que as viaturas da DHBF estavam chegando, já que eles têm uma rede de comunicação bastante eficiente. Ele fugiu para o mato", afirma o promotor. "A DHBF continua a procura dele, já que ele é extremamente perigoso e possui outros mandados de prisão, sendo investigado por homicídios, de forma muito violenta".
O Corpo de Bombeiros participa da ação - Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
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ANÚNCIO DE MORTE NA INTERNET
As investigações apontaram que o grupo paramilitar age com extrema violência em três condomínios do programa Minha Casa, Minha Vida de Queimados. Eles chegaram a usar páginas no Facebook para anunciar suas próximas vítimas. O bando lucrava até com a extorsão de moradores na venda de kit churrasco.
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"A milícia procura se infiltrar nos setores públicos de todas as formas para aparentar que possui um poder maior e assim poder oprimir de uma forma contundente as pessoas. Ela vende uma ideia de 'pseuda agenda moral', combatendo o tráfico e o traficante, mas, na verdade, isso é uma balela, porque é uma organização criminosa em busca de qualquer fonte de lucro", Corrêa enfatiza. "A participação e a cooptação de agentes públicos ou ligados à agentes públicos para esse tipo de atividade é foco da nossa investigação".