Publicado 08/07/2019 07:08 | Atualizado 08/07/2019 08:41
Rio - A expansão do projeto Segurança Presente, prometida para bairros das zonas Norte, Sul e Oeste e Baixada Fluminense, vai começar em agosto. Além de Vila Isabel, Maracanã, Bangu, Barra da Tijuca, Botafogo, Laranjeiras, Nova Iguaçu e Duque de Caxias, regiões já mencionadas pelo governador Wilson Witzel no planejamento, foram incluídos nesta primeira fase do cronograma Grajaú, Catete e Largo do Machado. Com a ampliação, o governo começa a implantar um monitoramento via satélite para fiscalizar tanto as equipes do programa como as das operações Lei Seca e Barreira Fiscal.
Os anúncios foram feitos a O DIA pelo secretário de Governo, Gutemberg Fonseca. Segundo ele, a implantação do Segurança Presente nessas áreas começará em datas diferentes, que serão definidas. As operações serão em turnos de 12 horas. O programa contrata policiais militares em dias de folga, a partir de inscrições facultativas. "O que a gente vem fazendo agora são questões burocráticas. Estamos recrutando, cadastrando e capacitando o efetivo. Assim que se esgotar tudo isso, começa logo", apontou.
O secretário detalhou algumas áreas que receberão as equipes. Na Grande Tijuca, elas chegarão ao estádio do Maracanã e à Uerj. Na Barra, o patrulhamento ocorrerá entre o Jardim Oceânico e o entorno dos shoppings Via Parque e Metropolitano. Em Nova Iguaçu: Centro, Austin e Miguel Couto. Em Bangu e Caxias, o foco serão os calçadões. Há estudos para levar o projeto a todos os municípios da Baixada e outras localidades em uma segunda fase.
Para viabilizar as expansões, o governo fez parcerias com associações comerciais e empresários das áreas beneficiadas. Além de contribuir financeiramente, esses parceiros doam de uniformes a viaturas. "Muitas vezes eles ajudam doando coletes, jalecos, bonés, o contêiner onde vai ficar a base, os carros. A participação da iniciativa privada é muito importante", explicou Fonseca.
Quase todas as operações atuais são integralmente bancadas pelo Estado — nos bairros da Lapa, Aterro, Lagoa, Méier, Centro, Leblon, Ipanema e Tijuca. O custo total no mês de maio foi de R$ 4,9 milhões. Já as equipes do projeto Rio + Seguro, em Copacabana, e do Niterói Presente são frutos de convênios com as prefeituras do Rio e de Niterói, respectivamente. A Alerj firmou parceria para a Baixada. Segundo o secretário, o ideal é obter 100% dos investimentos junto à iniciativa privada. Por questão estratégica, os números de agentes não foram informados pela Secretaria de Estado de Governo (Segov).
Imagens de satélites para monitorar equipes e estudar mancha criminal
O monitoramento via satélites está sendo implantado nos bairros com equipes em atuação e irá para as áreas beneficiadas pela ampliação. O objetivo é acompanhar, em tempo real e integral, a movimentação dos agentes. O sistema funcionará integrado com o GPS dos veículos, ajudando na análise da mancha criminal e reforçando a fiscalização da atuação policial — como para comprovar dias trabalhados, quantidade de equipes em ação e verificar o cumprimento das rotas de patrulhamento.
Uma parceria inédita da Segov com a Defensoria Pública do Estado (DPE) e a Defensoria Pública da União (DPU) fará capacitação dos agentes do programa. O intuito é aumentar a conscientização dos policiais e assistentes sociais sobre abordagens de suspeitos, dependentes químicos e moradores de rua. "O objetivo é trazer alguns conceitos de abordagem humanizada e de criminologia para que esses profissionais possam agir de forma adequada", explicou o defensor público da União Thales Arcoverde Treiger.
População percebe os resultados, mas especialistas criticam
O Segurança Presente, que teve início em 2014, na Lapa, contabiliza números de sucesso. Segundo a Segov, as principais reduções aconteceram na Tijuca, onde o projeto foi implantado há seis meses. Roubos a estabelecimentos comerciais caíram 80% nos cinco primeiros meses deste ano, em relação a igual intervalo de 2018, na área e horário de atuação das equipes no bairro. Roubos de celular caíram 23% e a pedestres, 14%.
Comerciantes e moradores percebem os resultados, mas pedem revisão do planejamento. "Está tendo menos assaltos durante o dia, mas depois que vão embora não tem policiamento", comentou a recepcionista Natasha Lima, 29, moradora da Tijuca, onde o serviço funciona de 8h às 20h. "Os roubos na Praça Saens Peña diminuíram muito, mas para o lado de cá continuo com medo", disse a comerciante Claudia Alfano, 54. A loja dela, na Rua Conde de Bonfim, foi assaltada a poucos metros da área do Tijuca Presente. "Antigamente, eu presenciava vários assaltos. Depois do Centro Presente, melhorou bastante", elogiou a copeira Ana Paula da Silva, 39.
Especialistas criticam o que chamam de privatização da segurança pública. "Áreas que tiverem associações comerciais fortes injetando dinheiro terão mais policiamento, enquanto as mais carentes ficarão sem", ponderou José Ricardo Bandeira, presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina. "O governo quer dinheiro do comércio para uma missão que sempre foi dele e já pagamos tributos altos para isso", ressaltou Antonio Rayol, delegado federal aposentado.
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