Publicado 22/07/2019 03:00
Rio - Era praticamente um consenso entre os pipeiros do Teleporto, região do Estácio, Zona Norte do Rio. Apesar do risco de multa de R$ 342,11, os fãs de soltar pipa não estão muito inclinados em abdicar ao uso de elementos ou substâncias cortantes (cerol ou chilena).
Na última sexta-feira, foi aprovada a lei 8.478, de autoria do deputado Marcio Gualberto (PSL), que altera a lei (7.784/17) que proíbe a venda e uso do cerol e linha chilena no estado. A nova determinação pune quem porta ou usa substâncias cortantes e, se o infrator for menor de idade, ele e seu representante legal serão notificados para pagar a multa.
"Eles querem punir, vão punir porque a gente não tem quem fala por nós. Se quisermos, colocamos prefeito, deputado. É muita gente", defende Jessé dos Santos, 37 anos, assistente pessoal morador de Pendotiba, em Niterói, que não se importa com 23 km de distância entre sua casa e o Teleporto. "Em Niterói, a gente chama de cafifa", esclarece ele, que logo em seguida pondera. "Para o meu filho, eu coloco linha pura atrás para ele, e a chilena na frente. A parte da mão dele está pura. Não estou levando ele para o mau caminho, porque se ele se viciar nisso, vai se desestressar", conta.
Casado há 16 anos, Souza diz que a mulher não era muito fã de pipa. "Um dia minha mulher falou: 'ou eu ou a pipa'. Sabe o que falei? 'Eu te amo, mas vou continuar com a pipa, resolve você'", garante, aos risos.
Para o músico Paulo de Souza, de 60 anos ("55 só de pipa", gaba-se ele), não existe nada melhor do que soltar pipa. Nascido e criado no Rio e morador de Nova Jersey, nos Estados Unidos, Souza explica como funciona no país onde mora. "Nos EUA não pode usar linha. A gente solta com barbante e usamos umas pipas grandes", entrega ele, que tem uma sugestão de solução para o imbróglio. "Com tanto dinheiro que se desperdiça nesse país, por que não faz pipódromos nas zonas Norte, Oeste, Sul e Centro?", questiona.
Um empresário de 44 anos, que não quis se identificar, e também fã de pipa, reforça o impacto social que soltar pipa gera no Teleporto e nas comunidades que o cercam. "Aqui era um local que, há alguns anos, era comum ter crime, venda de drogas, promiscuidade. Ninguém queria vir aqui. Agora não. Não fazemos segurança. Mas crianças e adolescentes agora nos vêem como espelho. Quem solta pipa, não é criminoso. Não pegamos nossa linha para matar os outros", reforça.
Durante todo o tempo que a reportagem esteve no Teleporto, não foi visto nenhum policiamento ou mesmo nenhum agente da Guarda Civil. "A lei que já existia punia com multa administrativa apenas os comerciantes que punham à venda ou fabricassem esses materiais sem, no entanto, punir os usuários. São esses usuários que provocam os diversos acidentes que diariamente vemos em nosso estado. Por isso, é importante fazer com que essas pessoas sejam responsabilizadas e que essas multas sejam convertidas em atendimento às vítimas que elas mesmas provocaram", defende o autor da nova lei.
"Eles querem punir, vão punir porque a gente não tem quem fala por nós. Se quisermos, colocamos prefeito, deputado. É muita gente", defende Jessé dos Santos, 37 anos, assistente pessoal morador de Pendotiba, em Niterói, que não se importa com 23 km de distância entre sua casa e o Teleporto. "Em Niterói, a gente chama de cafifa", esclarece ele, que logo em seguida pondera. "Para o meu filho, eu coloco linha pura atrás para ele, e a chilena na frente. A parte da mão dele está pura. Não estou levando ele para o mau caminho, porque se ele se viciar nisso, vai se desestressar", conta.
Casado há 16 anos, Souza diz que a mulher não era muito fã de pipa. "Um dia minha mulher falou: 'ou eu ou a pipa'. Sabe o que falei? 'Eu te amo, mas vou continuar com a pipa, resolve você'", garante, aos risos.
Para o músico Paulo de Souza, de 60 anos ("55 só de pipa", gaba-se ele), não existe nada melhor do que soltar pipa. Nascido e criado no Rio e morador de Nova Jersey, nos Estados Unidos, Souza explica como funciona no país onde mora. "Nos EUA não pode usar linha. A gente solta com barbante e usamos umas pipas grandes", entrega ele, que tem uma sugestão de solução para o imbróglio. "Com tanto dinheiro que se desperdiça nesse país, por que não faz pipódromos nas zonas Norte, Oeste, Sul e Centro?", questiona.
Um empresário de 44 anos, que não quis se identificar, e também fã de pipa, reforça o impacto social que soltar pipa gera no Teleporto e nas comunidades que o cercam. "Aqui era um local que, há alguns anos, era comum ter crime, venda de drogas, promiscuidade. Ninguém queria vir aqui. Agora não. Não fazemos segurança. Mas crianças e adolescentes agora nos vêem como espelho. Quem solta pipa, não é criminoso. Não pegamos nossa linha para matar os outros", reforça.
Durante todo o tempo que a reportagem esteve no Teleporto, não foi visto nenhum policiamento ou mesmo nenhum agente da Guarda Civil. "A lei que já existia punia com multa administrativa apenas os comerciantes que punham à venda ou fabricassem esses materiais sem, no entanto, punir os usuários. São esses usuários que provocam os diversos acidentes que diariamente vemos em nosso estado. Por isso, é importante fazer com que essas pessoas sejam responsabilizadas e que essas multas sejam convertidas em atendimento às vítimas que elas mesmas provocaram", defende o autor da nova lei.
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