Benjamin tinha apenas um mês e quatorze dias  - Arquivo Pessoal
Benjamin tinha apenas um mês e quatorze dias Arquivo Pessoal
Por Thuany Dossares
Rio - A Polícia Civil ainda não conseguiu descobrir o que causou a morte do pequeno Benjamin Ribeiro Queiroz, de apenas quarenta e cinco dias. No momento em que o bebê apareceu ensanguentado, no início da manhã de quarta-feira, acontecia uma operação de PMs do 18º BPM (Jacarepaguá) na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio. Entretanto, o laudo pericial do Instituto Médico Legal de São Cristóvão deu resultado inconclusivo. Familiares da criança acusam os militares de omitirem socorro. Benjamim será sepultado amanhã (02), às 10h, no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte.

O pai do menino, o motorista Ruan Ribeiro, contou que na manhã de quarta (31/07) ele e a esposa acordaram ao som de tiros. Para tentar proteger os filhos, o motorista levou todos para um quarto na parte de trás da casa e, então, perceberam que Benjamin estava sangrando.

"Por volta das 6h30, a gente acordou com uma intensa troca de tiros, estava acontecendo uma operação. Devido ao tiroteio, eu peguei meus dois filhos, minha esposa e fui para o quarto de tras. Ao acender a luz, minha esposa percebeu que meu filho estava cheio de sangue, na boca, pescoço, nas costas. Ela ficou desesperada e me deu o Benjamin", narrou Ruan.

O motorista contou que ficou desesperado e que, imediatamente, correu para socorrer o filho, mas foi impedido por um caveirão da Polícia Militar que impedia a saída de seu veículo de casa. Segundo Ruan, ele só conseguiu levar o filho para uma unidade de saúde cerca de 15 minutos depois.

"O caveirão estava na frente do meu carro. Eu pedia para eles saírem, mas eles não permitiram. Fiquei cerca de dez a quinze minutos parado. Eu gritava por socorro, mas os policiais só puxaram o caveirão para frente depois que as pessoas começaram a sair de casa por me ouvirem gritar. Cheguei com meu filho na UPA já era quase 7h. O que mais me chateou nesse momento, foi a omissão de socorro dos policiais, porque eles viram o meu desespero, eles viram eu chorando com meu filho nos braços, gritando por socorro, mas nada eles fizeram por mim. Eles estavam dentro do caveirão, e nem saíram, não falaram nada comigo, não tiravam o blindado do lugar", desabafou.
Ruan Ribeiro, pai de Benjamin, contou que o laudo pericial do filho deu inconclusivo - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia


Benjamin foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade de Deus. Através da assessoria de imprensa, a Secretaria Municipal de Saúde informou que o bebê chegou em estado muito grave e que apesar dos esforços da equipe de saúde, a criança não resistiu e foi a óbito. Durante a noite, O DIA recebeu informações extraoficiais da unidade de saúde de que ainda ão havia sido confirmado se o menino havia sofrido algum trauma, mas que ele não havia sido vitimado por nenhum tiro.

Durante a manhã desta quinta-feira, Ruan Ribeiro foi até o IML de São Cristóvão para descobrir o que tinha causado a morte de Benjamin e poder sepultá-lo. Entretanto, segundo o motorista, a Polícia Civil liberou o corpo do menino com um laudo de necropsia inconclusivo. Ele ainda disse ter sido informado que o resultado de um exame mais completo deve sair daqui a 40 dias. 

"Meu filho não caiu, não bateu com a cabeça. Eu só quero o laudo da perícia, porque eu mereço saber o que houve com ele. A gente realmente não tem nenhuma prova que a nossa casa foi perfurada, se meu filho foi atingido por alguma bala, a gente não sabe de nada disso. Quando eu peguei meu filho, eu só queria socorrê-lo, nem fiquei pensando no que poderia ter sido, só depois que eu fui começar a querer saber a causa da morte dele. A indignação maior é a falta de socorro. Agora quero saber se os minutos que eu perdi para socorrer meu filho influenciaram na morte dele", declarou o pai de Benjamin.

A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar negou que os policiais tenham atrapalhado Ruan a socorrer o filho. O caso está sendo investigado pela 32ª DP (Taquara) e a Polícia Civil informou que diligências estão sendo realizadas para apurar as circunstâncias da morte do bebê e que e a delegacia aguarda o resultado do exame de necrópsia.