Jean Cláudio Rodrigues da Costa - Arquivo Pessoal
Jean Cláudio Rodrigues da CostaArquivo Pessoal
Por Natasha Amaral*
Rio - Familiares e amigos do adolescente Jean Cláudio Rodrigues da Costa, de 11 anos, têm mobilizado as redes sociais pedindo doação de sangue e medula. O jovem, que foi diagnosticado com Leucemia Mielóide Crônica com Crise Blástica no início de julho, precisará passar por um transplante. Preocupada, a família de Jean também está pedindo doações de qualquer tipo sanguíneo, para que possa ser reposto no estoque do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), onde ele faz acompanhamento semanal.
Ao DIA, a mãe do adolescente, Josiane Rodrigues de Santana, contou que a doença foi descoberta após uma crise de priapismo – quando o sangue é bombeando para o pênis e não volta. A partir dessa crise, foi realizado um exame de sangue e constatado uma anormalidade. "No primeiro momento fomos pro Salgado Filho e depois encaminhados pro HUPE. Coletaram a medula e diagnosticaram a Leucemia Mieloide com Crise Blástica (estado mais grave da doença). Quando descobrimos, ficamos 15 dias internados mas, agora, estamos fazendo acompanhamento para ver o nível de plaquetas e hemácias. Até agora, ele fez duas transfusões de hemácias e plaquetas e, depois da alta, apenas uma de hemácias".
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Com o propósito de abastecer o banco de sangue do hospital e achar um doador de medula compatível, a campanha feita pelas redes sociais já mobilizou 43 pessoas. No entanto, pouquíssimas para coletar material para estudos de compatibilidade. "O Jean já está com todos os procedimentos para o transplante e a cura é somente através dele. A doação pode ser feita diretamente pra ele, no banco de sangue do HUPE, e o teste de compatibilidade também. No entanto, as pessoas ficam com medo e acabam desistindo da doação de medula. Ninguém tem conhecimento, é indolor, tem anestesia. É uma opção da pessoa, mas ela tem que estar ciente que não vai estar ajudando só o meu filho. Pode ajudar todo mundo que precisa de transplante e, se for compatível com meu filho, ótimo", desabafou Josiane.
Para Alexandre José Almada, biólogo e gerente de relacionamento do REDOME (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea) na Fundação do Câncer, o medo em realizar a doação de medula é comum e combatido por diversos profissionais dos centros coletores. "Em todas as etapas da doação há o esclarecimento das dúvidas quanto ao procedimento, que é realizado no centro cirúrgico, mediante anestesia. É importante lembrar que a medula óssea irá se recompor em apenas 15 dias. Pode existir um leve desconforto durante os três primeiros dias após a doação, contudo, se for o caso, analgésicos são ministrados para acabar com o incômodo".
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Já a professora Flavia Bandeira, que é a responsável pelo banco de sangue do HUPE, contou que a doação de sangue pode ser feita diretamente para um paciente e, ainda assim, pode ajudar diversas vidas. "Cada doação pode salvar até quatro vidas. Dedicando apenas uma hora, o doador pode ajudar quem precisa". Flavia ainda contou que o serviço de hemoterapia do Hospital Universitário funciona de segunda a sexta, das 8h às 14h. "Por conta do nosso horário de funcionamento ser curto e não se estender aos finais de semana, quem não estiver disponível pode realizar a doação diretamente no Hemorio, que funciona todos os dias. Toda doação é fundamental", completou.
Critérios para doar sangue
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Além de comparecer ao Banco de Sangue, para ser doador é necessário seguir algumas regras: estar munido com documento oficial com foto – que permita o reconhecimento do candidato –, como carteira de identidade ou carteira de trabalho.
O doador precisa ter entre 16 e 69 anos (menores apenas com autorização dos responsável), estar com boas condições de saúde, pesar mais que 50kg, não estar de jejum e evitar alimentos gordurosos nas 3h que antecedem a zoação.
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Critérios para doar medula
Para ser doador de medula é preciso procurar um hemocentro mais próximo, munido de documento de identidade, ter entre 18 e 55 anos, preencher um formulário com dados pessoais e coletar uma amostra de sangue para o teste de compatibilidade – para identificar as características genéticas que serão cruzadas com os dados dos pacientes que necessitam de transplantes. A partir daí, o doador será incluído no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).
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No momento em que existir um paciente compatível, o doador será consultado para decidir quanto à doação. É imprescindível que o doador mantenha os seus dados atualizados para que possa ser encontrado. Para dar continuidade ao processo de doação, novos exames serão necessários, bem como uma avaliação clínica da saúde do doador.
*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes