Homem estava morando em uma gruta no Parque Garota de Ipanema - Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
Homem estava morando em uma gruta no Parque Garota de IpanemaReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Por RAFAEL NASCIMENTO
Rio - Em uma pequena gruta no Parque Garota de Ipanema, entre o Arpoador e a Avenida Vieira Souto — uma das vias mais caras do Rio e protegido por uma imagem de Santa Sara Kali — vivia X, de 39 anos. Nascido e criado na comunidade do Antares, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, o homem conta que foi expulso do local quando a milícia invadiu a favela, matou traficantes e expulsou vários moradores. Sem ter parentes para abrigá-lo, X diz que, assim como três amigos, o único refúgio encontrado foi na gruta.

"Infelizmente, foi aqui que consegui fazer a minha moradia. Fui expulso lá de Antares só com a roupa do corpo. Hoje, vivo aqui", contou o homem, com olhos marejados, enquanto a Comlurb recolhia suas coisas, durante a Marcha pela Cidadania e Ordem.

Perguntado por que não aceita ir para um abrigo, o homem é categórico. "Aquilo dá dignidade para ninguém. Entre morar na rua e ficar em abrigos, moro na rua", salienta.
Por sorte do destino, o homem conta que conseguiu fazer bicos em barracas de praia em Ipanema e conta que vai tentar usar o dinheiro para ficar em "pensões baratinhas".
Ação no Parque Garota de Ipanema - Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
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MORTE INTENSIFICOU AÇÕES
De acordo com o coronel Ruy França, comandante do 23º BPM (Leblon), desde as duas mortes, por um morador de rua em surto na Lagoa, no dia 28 de julho, as ações de abordagens se intensificaram. De acordo com França, até hoje, centenas de armas brancas foram recolhidas com pessoas que vivem nas ruas cujo o seu batalhão tem atuação.

"Depois das mortes, começamos a ter um trabalho específico com moradores de rua que portam armas brancas. De lá para cá, detectamos um aumento desse material. Eles dizem que usam para comer ou defesa, salienta França.

O oficial afirma que esse material é descartado caso a pessoa não tem mandando de prisão em aberto. Caso haja, o suspeito é encaminhado à delegacia.
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"Já fazemos essa abordagem no Parque Garota de Ipanema, na Lagoa e em outros pontos dos bairros que temos jurisdição", completa.
Ação reúne vários órgãos da prefeitura e do governo do estado - Reginaldo Pimenta / Agência O Dia


Hoje, o 23º BPM deu apoio à ação do governo do estado para garantir a segurança dos servidores.

"Estamos apoiando a operação no sentido de dar respaldo. Já encontramos drogas, facas e tesouras. O material foi encaminhado para a delegacia. O que não tem relação com crime está sendo descartado", disse.