O especialista em gerenciamento de risco Carlos Camargo, formado pelo Conselho Britânico de Segurança, a atuação do atirador de elite da PM foi correta. Ele acredita que, ao contrário do sequestro do ônibus 174, nesse caso da Ponte Rio-Niterói, não houve interferência política na cadeia de comando: "Foi uma decisão técnica. Era uma situação extrema, que não havia outra forma de atuação", explicou. O especialista lembrou ainda que o sniper atuou de uma plataforma fixa mirando em um alvo móvel, o que não ocorre quando os tiros são disparados de uma aeronave.
Já o sociólogo Ignácio Cano, um dos coordenadores do Laboratório de Análise da Violência (LAV) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), acredita que o sequestrador pode ter desejado o desfecho da história, com a morte de Willian. "Há outros casos na literatura onde a pessoa usa a polícia para cometer suicídio. Se os fatos se confirmarem, que ele usou uma arma de brinquedo, parou o ônibus na ponte onde não era possível fugir e ainda ficou se expondo, pode ser que ele buscou esse desfecho", avaliou.
Cano ressaltou ainda que os casos de balas perdidas, com a presença helicópteros sobre as favelas usados como plataformas de tiros, nada tem a ver com tiros de precisão: "A única situação que se justifica um tiro letal é essa (risco de vida dos reféns). O que é muito diferente dos tiros disparados pelos tripulantes dos helicópteros, iniciados por eles, em direção das favelas. A comemoração da morte pelo governador (Wilson Witzel) foi repugnante", analisou o governador.