Por Waleska Borges
Rio - Para o psiquiatra forense Guido Palomba, o comportamento de Willian Augusto da Silva , de 20 anos, que manteve como reféns os passageiros de um ônibus com 39 pessoas na Ponte Rio-Niterói, na manhã desta terça-feira, demonstra que ele havia feito "uma ruptura com a realidade" e que há indicações de que ele sofria de uma doença mental. "Todo crime, sem exceção, é uma fotografia do comportamento do indivíduo. Ele tinha uma doença mental, a loucura. Poderia mesmo até ter colocado fogo ônibus. Não há um diagnóstico específico, mas pode ser uma esquizofrenia latente. Ele estava alucinando e delirando. Provavelmente, tinha um histórico de problema mental", avaliou o psiquiatra.

O especialista em gerenciamento de risco Carlos Camargo, formado pelo Conselho Britânico de Segurança, a atuação do atirador de elite da PM foi correta. Ele acredita que, ao contrário do sequestro do ônibus 174, nesse caso da Ponte Rio-Niterói, não houve interferência política na cadeia de comando: "Foi uma decisão técnica. Era uma situação extrema, que não havia outra forma de atuação", explicou. O especialista lembrou ainda que o sniper atuou de uma plataforma fixa mirando em um alvo móvel, o que não ocorre quando os tiros são disparados de uma aeronave.

Já o sociólogo Ignácio Cano, um dos coordenadores do Laboratório de Análise da Violência (LAV) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), acredita que o sequestrador pode ter desejado o desfecho da história, com a morte de Willian. "Há outros casos na literatura onde a pessoa usa a polícia para cometer suicídio. Se os fatos se confirmarem, que ele usou uma arma de brinquedo, parou o ônibus na ponte onde não era possível fugir e ainda ficou se expondo, pode ser que ele buscou esse desfecho", avaliou.

Cano ressaltou ainda que os casos de balas perdidas, com a presença helicópteros sobre as favelas usados como plataformas de tiros, nada tem a ver com tiros de precisão: "A única situação que se justifica um tiro letal é essa (risco de vida dos reféns). O que é muito diferente dos tiros disparados pelos tripulantes dos helicópteros, iniciados por eles, em direção das favelas. A comemoração da morte pelo governador (Wilson Witzel) foi repugnante", analisou o governador.