Aparelho celular que seria do sequestrador Willian Augusto da Silva foi localizado pela Polícia Civil - Divulgação/Polí­cia Civil
Aparelho celular que seria do sequestrador Willian Augusto da Silva foi localizado pela Polícia CivilDivulgação/Polí­cia Civil
Por GUSTAVO RIBEIRO
Rio - Investigada como um caminho que pode ter sido usado por Willian Augusto da Silva para planejar o sequestro na Ponte, a 'deep web' (internet profunda) é uma área virtual onde os dados são transmitidos de forma quase oculta. Segundo especialistas, é ainda uma zona obscura da rede e utilizada para propagar o ódio e cometer crimes, estimulada pela dificuldade de rastreamento. Não à toa, os aparelhos eletrônicos do sequestrador do ônibus 2520 serão analisados pela polícia para encontrar possíveis vestígios.
"É uma rede de computadores que fica entre o usuário e o servidor, de forma a ocultar a origem e o destino dos dados", explica Emilio Simoni, diretor do dfndr lab, laboratório de segurança digital da PSafe.
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Com a facilidade do anonimato, são disseminados serviços ilegais como venda de drogas, pedofilia e encomenda de assassinatos. "Não é simples como escrever 'compra de armas' no Google. A pessoa tem que participar de grupos fechados, que vão dizer quais são os endereços que ela precisa para acessar qualquer tipo de ilegalidade", compara Simoni.
Segundo o especialista, a Polícia Civil consegue navegar na 'deep web', mas chegar aos responsáveis depende de pistas deixadas por eles. "Não é a internet normal, onde você contata o provedor e ele é obrigado a dar informações sobre usuários. Na 'deep web' não tem a quem pedir informação", revela Simoni.
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Um dos casos recentes envolvendo a 'deep web' foi o massacre na escola Raul Brasil, em Suzano (SP), em março. Para planejar o ataque, os atiradores que mataram oito pessoas e depois se suicidaram usaram o Dogolachan, fórum de propagação de ódio somente acessível pela 'deep web'.
Celular encontrado
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A Polícia Civil achou um celular que pode ser de Willian Augusto da Silva. Segundo o site G1, o aparelho foi localizado depois que todas as pessoas envolvidas no caso, entre elas os 39 reféns, prestarem depoimento na Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí.
Segundo o portal, quando os pertences de quem estava na delegacia foram devolvidos, sobrou um celular. Depoimentos indicaram ainda que o aparelho tem as mesmas características do telefone que estava com Willian, mas a propriedade não está confirmada. O telefone está bloqueado, e os agentes acessarão os dados.
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Parentes disseram que Willian era um rapaz que vivia confinado às redes sociais. A psicóloga Claudia Melo alerta que os pais devem intervir quando os filhos ficam muito tempo conectados e examinar os acessos. "Se você perceber que seu filho não se socializa, há algo de errado. O saudável é se relacionar. Quando a máquina ocupa esse espaço, é sinal de alerta", afirma a especialista.