“É um numero que a tendência é subir até dezembro, porque as ações estão sendo feitas”, disse Braga, em entrevista à TV Globo. “Tenho mais de 1.500 operações em favelas. É muito difícil trabalhar em favela, você tem uma reação muito forte, são muitos fuzis”, acrescentou.
Para especialistas, não há o que comemorar. “Uma polícia que mata essa quantidade de gente não é polícia. A polícia é para prender ou para matar? Pelo visto, vivemos uma política de extermínio”, criticou o sociólogo Michel Misse, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Levando em consideração o número total de mortes no estado, de janeiro a julho deste ano, constata-se que a polícia foi responsável por mais de 30% dos assassinatos no estado. Na capital, a porcentagem sobe para 40%.
Queda de roubos é mantida Os números de roubos de carga, de rua (roubo a transeunte, roubo em coletivo e roubo de aparelho celular) e de veículos voltaram a cair.
No acumulado do ano, a diminuição de roubos de veículo foi de 22% (o menor valor para o período desde 2017). Já nos roubos de rua, a redução no acumulado do ano foi de 3%. Os roubos de carga registraram a menor soma desde 2016 - representando um recuo de 19% na comparação.
A declaração do secretário de Polícia Civil sobre o aumento do número de mortos, despertou a reação de alguns parentes de vítimas recentes de violência.
Pai do estudante e jogador de futsal Gabriel Pereira Alves, de 18 anos, morto no último dia 9 de agosto, nas proximidades do Morro do Borel, durante uma ação policial, Fabrício Alves desejou que nenhuma família sofra o que a sua está passando. “Só nos resta pedir a Deus para proteger os inocentes. Isso é tudo que eu posso desejar”, afirmou.
Só do dia 9 ao dia 14 deste mês, seis jovens foram mortos a tiros. As vítimas foram atingidas por balas perdidas ou baleadas diretamente, a maioria durante operações policiais.
Grupo especial deverá ir aos locais onde houver mortes
Diante do crescimento do número de mortes por intervenção de agentes do Estado, o delegado Antônio Ricardo Nunes, chefe do Departamento Geral de Homicídios, baixou, no último dia 8, nova ordem de serviço.
E ela traz novas determinações para as investigações de autos de resistência. De acordo com o documento, o Grupo Especial de Local de Crime, formado por policiais que atuam nas delegacias de homicídio, deverá comparecer aos locais das mortes provocadas pela polícia mesmo que os corpos já tenham sido removidos. No caso daqueles que forem levados para o hospital, torna-se obrigatório que os agentes compareçam à unidade de saúde para atestar que as versões apresentadas pelos policiais envolvidos nas mortes condizem com as marcas nos cadáveres.
Os ferimentos também deverão ser devidamente fotografados para apurar se houver indícios de execução. A medida foi elogiada pelo delegado Orlando Zaconne, que está há 19 anos na Polícia Civil. “A Divisão de Homicídios reconheceu a necessidade de ter uma atenção especial para as investigações dos autos de resistência”, disse. “Isso vai fazer com que os policiais tenham mais cuidado no proceder durante uma operação. Eles não podem perder a referência no cuidado com a vida das pessoas pobres”, acrescentou.