Protegido por manta térmica, bebê é amparado por policial militar - Reprodução / Interent
Protegido por manta térmica, bebê é amparado por policial militarReprodução / Interent
Por *Rachel Siston
Rio - A mãe do bebê recém-nascido abandonado embaixo de um carro em São Gonçalo, na terça-feira, foi detida por policiais da 73ª DP (Neves). Ela morava numa casa no Porto da Madama a poucos metros de onde deixou o filho e foi achada após informações recebidas pelo Disque Denúncia (2253-1177). A mulher confessou que deixou o filho ao lado da roda do veículo, mas que não tinha intenção de matá-lo, pois o automóvel estava abandonado no local.
Após prestar depoimento, a mulher foi liberada pela polícia e vai responder em princípio em liberdade por abandono de incapaz, com pena de quatro anos, mas que pode ser convertida em pena alternativa e ela não ser presa. Segundo a delegada Carla Tavares, da 73ª DP, a investigada, que já tem outros três filhos, disse que não tinha condições de criar o menino e não sabia que estava grávida até dar à luz dentro da casa onde mora de favor. 
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"Ela disse que a princípio não percebeu a gravidez, porque não teve muitas alterações, que há pouco tempo teve um aborto espontâneo e acreditou não estar mais grávida. Nos últimos dias, até o dia do abandono da criança, começou a sentir muitas dores, que pensou que fossem cólicas normais", explicou a delegada, que concluiu o inquérito e vai encaminhá-lo ao Ministério Público.
Carla Tavares disse que a mulher de 23 anos demonstrou arrependimento, mas contou que deixou o bebê no local por acreditar que alguém o acharia ali, e que não tinha a intenção de matá-lo. "Neste momento ela vai ser liberada. Já prestou depoimento, foi encaminhada para fazer o exame de corpo delito, para confirmar tudo isso que disse. É uma prova técnica que vai confirmar que ela teve uma gravidez recente e corroborar todas essas informações, apesar da confissão dela".
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De acordo com a delegada, nem mesmo os familiares teriam notado a gravidez. A mulher disse que não sabe quem é o pai da criança. No depoimento, ela contou que ficou desesperada ao dar à luz e uma das filhas pequena presenciar o parto. Com isso, não pensou em deixar a recém-nascida em outro lugar que não fosse o veículo abandonado.
A delegada destacou que a mulher teme pela sua vida após a repercussão do caso. "Ela está se sentindo bem temerosa com a situação, porque já foi ameaçada, houve a denúncia, quem denunciou já sabia quem era. A gente vai verificar a necessidade de proteção, se ela vai precisar ir para outro local".
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A mulher não tem interesse de ficar com o recém-nascido: "É desespero, efetivamente você vê uma situação de três filhos, alguns ela nem sabe quem é o pai. É um crime que choca muito, mas é uma situação familiar muito conturbada, muito complicada, que não é só uma questão de segurança, envolve todo o estado. A assistência social precisa abraçar essa família", disse Carla Tavares, que vai comunicar o caso ao Conselho Tutelar para saber se ela tem condições de continuar com os outros filhos.
"Com relação às outras crianças e a que foi abandonada, agora fica a cargo do Ministério Público e do Conselho Tutelar. A gente vai precisar de num acompanhamento dessa família, porque quando a gente tem um crime grave de abandono de incapaz e existem outras três crianças sob os cuidados dessa mãe que abandonou, o Conselho Tutelar com certeza vai atuar para acompanhar."
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O bebê, que mede 48 cm e pesa 2,785 kg, ainda estava com o cordão umbilical e foi achado na altura do número 51 da Rua Belo Horizonte, no bairro Porto da Madama. A criança foi encontrada pelo estudante de Educação Física Allan Farias Sodré, que passava pelo local. Ele estava a caminho da faculdade e ao olhar debaixo de um Fiat Alba que estava estacionado na rua viu o menino e ligou para o 190.
De acordo com a PM, o recém-nascido foi resgatado por policiais do 7º BPM (São Gonçalo), por volta das 8h. Agentes do Samu fizeram os primeiros socorros ao bebê, o aqueceu com manta térmica e o encaminhou ao Pronto Socorro Infantil Darcy Vargas, na Praça Zé Garoto.
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De acordo com a Prefeitura de São Gonçalo, lá o bebê realizou exames de sangue e passou por procedimentos médicos na sala vermelha. O quadro de saúde dele é estável. Na tarde de terça, a criança foi transferida para o Hospital Universitário Antônio Pedro para fazer tratamento clínico. O Huap informou nesta quinta-feira que o bebê está progredindo muito bem e não tem previsão de alta.
* Estagiária com supervisão de Adriano Araujo