Publicado 05/08/2019 05:52 | Atualizado 05/08/2019 09:17
Rio - O preso Clauvino da Silva, conhecido como Ronca, que tentou fugir no último sábado vestindo uma máscara de silicone, peruca e roupas femininas, inclusive um sutiã, está na solitária da Penitenciária Laércio da Costa Pelegrino (Bangu 1). Segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), não foi determinado o tempo de permanência nesta unidade. Uma visitante grávida e a filha do preso responderão por facilitação de fuga.
Condenado a 73 anos e 10 meses de prisão por tráfico de drogas, Clauvino já havia fugido, pelo esgoto, do Complexo de Bangu, em 2013. Porém, ele foi recapturado em Angra dos Reis, sua área de atuação, no dia seguinte. Na época, o preso cavou um túnel de cinco metros e com outros 30 bandidos nadou cerca de 30 segundos submerso no esgoto até conseguir chegar a uma galeria que dava acesso à rua.
No último sábado, Clauvino recebeu a visita da filha e de outras oito mulheres, uma delas grávida, na galeria B7 do Presídio Gabriel Ferreira Castilho (Bangu 3). O espaço é coletivo e abriga 90 chefes do tráfico do Comando Vermelho (CV). No local, ele trocou de roupa com a filha e vestiu máscara de silicone, peruca com fios longos pretos e roupas femininas para tentar sair misturado às outras mulheres. A tentativa, no entanto, falhou. Segundo a Seap, o disfarce teria sido levado pela grávida, sob o vestido, já que gestantes não passam por revista íntima.
Após o esquema ter sido descoberto, a filha e a grávida foram encaminhadas para a 35ª DP (Campo Grande) e liberadas. “Elas vão responder pelo crime de facilitação de fuga de presos, que é de menor potencial ofensivo. Assinaram um termo que irão comparecer ao Juizado Especial Criminal (Jecrim)”, afirmou Luís Maurício Armond, titular da 35ª DP.
Segundo o delegado, o preso não cometeu crime ao tentar fugir. “Ele deverá sofrer as sanções administrativas do próprio sistema, pois não usou de meio violento para a fuga”, disse. De acordo com informações de agentes penitenciários, a galeria B7 é conhecida como “a ala de comissão do CV”. Ou seja, onde a cúpula que está presa no Rio toma decisões. “Ninguém é executado em uma favela, por exemplo, sem autorização da comissão”, afirmou um inspetor.
As ordens seriam transmitidas por celulares, advogados ou cartas. Em 2016, o então juiz da Vara de Execuções Penais, Eduardo Oberg, afirmou ao DIA que presos fizeram uma festa, com direito a lanches do McDonald’s comprados por agentes corruptos para comemorar o resgate do traficante Nicolas Labre Pereira de Jesus, o Fat Family. O traficante foi retirado de dentro do Hospital Souza Aguiar e foi morto durante operação policial três meses após o resgate.
Comentários