Fantástico localizou e acompanhou vida de luxo e ostentação de 'Rei Arthur' em Miami BeachReprodução TV Globo
Por O Dia
Publicado 19/08/2019 09:47 | Atualizado 25/10/2019 15:19
Rio - Arthur Soares, que ganhou o apelido de Rei Arthur por conta do domínio em contratos com o governo do estado nas gestões de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão, não perdeu o reinado, conquistado de forma corrupta e com o pagamento de propina. Mesmo com um mandado de prisão em aberto desde 2017 e na lista de procurados da Interpol, o empresário ostenta uma vida de luxo em Miami Beach, nos Estados Unidos, conforme mostrou com exclusividade a reportagem do Fantástico deste domingo.
Numa das regiões mais sofisticadas de Miami Beach, o fugitivo foi flagrado pela equipe de reportagem falando ao telefone. "Tô aqui na praia, caminhando na praia, tirei a camisa", diz para alguém do outro lado da linha.
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O alto padrão de vida e registrado por câmeras que flagram Rei Arthur fazendo compras, almoçando num restaurante japonês, um dos melhores da cidade, onde a refeição é em média R$ 300 por pessoa.
O carro que dirige, uma Maserati Lavante, 3.0 V6, é avaliado em R$ 530 mil no Brasil. Com o veículo de luxo, ele passeia por Miami Beach e faz comprar em um supermercado.
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Rei Arthur deixou o Brasil há dois anos e meio e foi morar um condomínio fechado de luxo na ilha de Key Biscanye, também no estado do Colorado, uma das mais caras do condado de Miami-Dade, aponta a reportagem. Entretanto, por ser um foragido, ele deixou a mansão e foi para uma casa mais simples, porém confortável.
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O Fantástico revelou que há oito endereços com imóveis ligados ao nome de Rei Arthur, quatro deles são sedes de 14 empresas. Também há outros dois endereços ligados a ele, inclusive uma casa na estação de esqui em Aspen, também no Colorado, e um apartamento em Paris, na França.
Na época das denúncias da compra de votos, ele saiu de cena e transferiu as empresas para o nome dos filhos. Em Miami, continua dando expediente na sala que funciona cinco de suas empresas, conforme mostrou a reportagem.
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O Ministério Público brasileiro chegou a pedir a prisão e extradição de Arthur Soares ao governo americano, mas diz que nunca teve uma resposta formal, apesar do nome dele estar na lista de procurados da Interpol. Quando foi abordado pela reportagem do Fantástico e questionado sobre as acusações contra ele, Rei Arthur não se manifestou. Sua defesa disse que não se pronuncia sobre processos em curso.
Patrimônio bilionário
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Arthur deixou o Brasil em abril de 2017 e, meses depois, foi expedido um mandado de prisão contra ele. "Ele é chamado de Rei Arthur porque ao longo de muitos anos ele teve os maiores contratos com o estado do Rio de Janeiro. Isso possibilitou para ele arrecadar um patrimônio milionário, talvez bilionário", diz Stanley Valeriano, procurador da República, à reportagem.
O Fantástico detalhou o esquema de corrupção do qual Rei Arthur se beneficiou e faturou R$ 3 bilhões nas gestões de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão, segundo o levantamento da Lava Jato. A Facility, empresa do foragido, tinha vários contratos com o estado em serviços que vão desde a segunda até a limpeza. As licitações eram fraudadas para favorecer a Facility, em troca de propina.
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Desde 2006, no primeiro ano do mandato de Cabral, patrimônio de Arthur Soares chegou a se multiplicar por 10%, 15%, ano após ano, até 2014. O nome do empresário no esquema de compra de votos para o Rio sediar as Olimpíadas veio a tona em um depoimento do ex-governador Sérgio Cabral.
"Chamei o Arthur Soares na minha casa, onde nós conversamos. E expus a necessidade do dinheiro para obter esses votos", disse Cabral. Segundo Cabral, Arthur disse que não havia "nenhum problema" e que foi debitado do "crédito que tinha com ele". O crédito era a propina paga pelo empresário.
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Segundo a investigação da Lava Jato, com apoio de autoridades internacionais, Arthur Soares pagou 2 milhões de dólares ao filho do senegalês Papa Diack, membro do Comitê Olímpico Internacional (COI), que prometeu garantir de cinco a seis votos para a cidade do Rio vencer a disputa para virar a sede olímpica.