Publicado 25/08/2019 07:00 | Atualizado 25/08/2019 08:35
A polícia tem fortes indícios de que duas armas foram utilizadas para matar o pastor Anderson do Carmo, na madrugada do dia 16 de junho. Através do depoimento de uma testemunha, os investigadores já sabem que, no momento do crime, uma segunda arma se encontrava na residência. Agora, investigam se mais uma pessoa apertou o gatilho, além de Flávio dos Santos.
A suspeita de uma segunda arma surgiu após o depoimento do médico legista, que examinou o corpo de Anderson. Ele foi assertivo em seu relatório: "Tudo indica que a vítima foi alvejada por mais de seis tiros, já que foram encontradas 30 lesões no corpo". A arma encontrada no quarto de Flávio, e utilizada no crime, tem capacidade para 17 disparos. O laudo ressaltou que alguns ferimentos poderiam ser de entrada e saída do mesmo tiro, mas somente seis disparos, conforme alegação de Flávio - de que deu essa quantidade de tiros -, não teriam feito 30 perfurações.
A partir disso, os investigadores se debruçaram sobre o depoimento para saber se outra arma estava na residência. Através do relato de um motorista de aplicativo, eles souberam que Lucas Santos, filho de Flordelis preso por envolvimento na morte do pastor, deixou uma outra arma na casa, dez minutos antes do crime.
Câmeras de segurança mostraram a movimentação de pessoas na noite do assassinato. Elas flagram Lucas descendo de um carro às 3h08, carregando uma mochila. Dez minutos depois, ele retorna ao veículo, que segue viagem. Às 3h25, o pastor chega na residência e é morto na garagem, onde não há imagens.
Quem dirigia o carro para Lucas era X, 37 anos, um amigo que fazia o serviço de transporte sempre que solicitado. Ele relatou que Lucas era traficante e o buscou no Morro da Cocada, em Niterói. Naquela noite, Lucas, também conhecido como Pirulito, queria uma corrida para o baile do Eucalipto, no mesmo município.
No caminho, pediu para o veículo parar na casa da sua mãe, a deputada Flordelis. "Lucas desceu com a mochila que portava,(...) na mochila tinha dinheiro, drogas e provavelmente uma arma", contou X., em depoimento.
Traficantes pedem a arma
Traficantes pedem a arma
No dia seguinte, após a morte do pastor, os traficantes do Morro da Cocada ligam para X. e pedem para ele ir na favela. Lá, um deles o indaga: "X., é papo de responsa. Você não viu onde ele deixou a mochila, não? Tem muito responsa lá". X. responde que a mochila se encontrava na casa de Flordelis e que faria contato com um conhecido de Lucas. Ele ligou, então, para Flávio dos Santos, pelo WhatsApp. Durante a ligação, X. notou que Flávio havia mudado a sua foto de perfil para uma imagem de luto.
"Flávio disse que Pirulito havia sido preso (...) e que iria pedir para alguém entrasse em contato para entregar", relatou, no depoimento.
Uma mulher, que não se identifica, liga para X. e afirma que "poderia chegar na comunidade por volta das 23h", após o velório de um parente. No horário combinado, a mulher foi até a favela onde encontrou X. e os traficantes. Ela pediu para um dos traficantes entrar em seu veículo para conferir a mochila. Os investigadores mostraram fotos dos parentes da deputada. X. apontou que a mulher seria Simone Rodrigues, filha de Flordelis, ou Lorrane Oliveira, neta da deputada. Ambas são apontadas por outros filhos como mentoras do assassinato do pastor, assim como a própria parlamentar.
Lucas confessou que carregava na mochila uma pistola e que a deixou no quarto do irmão Flávio minutos antes do crime. Investigadores desconfiam que ela também possa ter sido utilizada no assassinato.
Arma comprada com Nova Holanda
X. também relatou mais detalhes de como Flávio conseguiu comprar a arma utilizada no crime. Foi ele quem levou Lucas e Flávio até o Complexo da Maré, onde um traficante identificado como Playboy da Nova Holanda forneceu a arma por R$8 mil.
Investigadores da 21ªDP (Bonsucesso) afirmam que o tráfico do Complexo da Maré abastece com drogas e armas comunidades de Niterói, São Gonçalo e Maricá. Assim, teriam concordado em vender a arma para Lucas, que seria traficante no Morro da Cocada, em Niterói.
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