Na foto, a indígena Papiõn faz sua doação com vários religiosos - Gilvan de Souza
Na foto, a indígena Papiõn faz sua doação com vários religiososGilvan de Souza
Por Larissa Esposito*
Rio - Uma das formas de desconstruir a intolerância é por meio da inclusão e da solidariedade. Aliado a essa motivação, a meta do Instituto Expo Religião é evidenciar à sociedade, através de eventos, que a convivência é possível, desde que haja respeito. Por isso, o grupo promoveu hoje, às 08h, a ação de doação de sangue no Hemorio, para fortalecer a proposta de fazer o bem e estimular a conscientização das pessoas. Estiveram presentes líderes de diferentes religiões, como do Xamanismo, Católico, Hare Krishna, Indígena, Mórmon, Islamismo, e também não-religiosos, no caso do Cigano.

"A ideia da doação é de desconstruir a intolerância por meio da inclusão de conhecimento. Quanto mais soubermos sobre as diversas religiões, menos preconceito teremos", diz a organizadora da ação e idealizadora do Instituto, Luzia Lacerda. "Muitas vezes a pessoa pode receber um sangue de um desconhecido que pode ser justamente daquela religião que ela venha a nutrir um preconceito ou divergência. E naquele momento ele pode estar tendo a vida salva por aquela pessoa. Então cabe refletir. Cabe pensar que não há espaço para esse sentimento. Somos todos iguais perante Aquele que nos fortalece."

Papiõn Cristiane Santos, de 48 anos, é coordenadora do Oca Observatório Cultural das Aldeias e representante da espiritualidade Indígena. Fora achar necessário quebrar o paradigma em torno da doação de sangue, outro motivo que a incentivou a participar foi poder mostrar além da cultura artesanal de seu eixo urbano. "É muito gratificante porque o que o Instituto faz é pioneiro, que é incluir a espiritualidade Indígena. Assim posso explicar como ela se dá e como ela pode incluir outros dogmas sem perder de vista o individual. Ano passado não pude participar da doação porque estava em um congresso. Mas esse ano eu prometi que iria e fui, de coração e com muito bom grado", conta.

A Indígena explica que um dos pilares de sua cultura é a preservação da Natureza, que é sagrada: "Quando se diz que o Índio quer terra, ninguém pergunta o porquê. Ali estão os nossos antepassados, nossos avós, tios e famílias. Então é muito importante difundir a nossa religião, até mesmo para mostrar que todos somos um conjunto e que vamos chegar a um mesmo Criador."
Esse é o segundo ano da ação. A primeira, em 2018, contou com a doação de cerca de 30 a 40 seguidores das diversas religiões. Mas o Instituto espera que esse número aumente dessa vez, ainda mais pelo estímulo dos líderes quando voltam às suas Igrejas, Sinagogas, entre outros, e comentam sobre a doação.

Além da doação de sangue, entre 03 a 06 de outubro, vai acontecer a feira Expo Religião 2019, realizada pelo Instituto, na Biblioteca Parque, localizada no Centro do Rio. No evento, terá a representação de 23 religiões diferentes, onde todos os interessados podem bater papo, dialogar e conhecer o universo de cada crença. A programação contará com dança, palestras, gastronomia, espaço zen, rodas de conversa, workshops, exibição de filmes e muito mais.

O Instituto Expo Religião é composto por diferentes segmentos religiosos (Católico, Budismo, Evangélico, Fé Bahá’í, Hare Krishna, Judaísmo, Muçulmanos, Umbanda, Matrizes Africanas, Espiritismo, Paganismo, Xamanismo, Indígena, Catimbó, Mórmon) e dois segmentos não-religiosos (Maçonaria e Ciganos).


*Estagiária sob supervisão de Waleska Borges