Placas de concreto e vergalhões estão expostos representando grande risco de acidentes
 - fotos Estefan Radovicz
Placas de concreto e vergalhões estão expostos representando grande risco de acidentes fotos Estefan Radovicz
Por Anderson Justino

Rio - A vida de quem transita pela Rodovia Federal Raphael Magalhães, a BR-493, que corta os municípios de Itaboraí, Guapimirim e Magé, na Região Metropolitana do Rio, não é nada fácil. Ao longo de seus 25,5 quilômetros, que vai da BR-101 (Niterói-Manilha) à BR-116 (Rio-Teresópolis), o cenário é de abandono. O percurso faz parte da segunda etapa de obras do Arco Metropolitano, projeto planejado para favorecer o deslocamento de veículos de grande porte, a fim de desafogar o fluxo pesado nas principais vias dentro da capital.

Em Itaboraí, três grandes construções de viadutos estão abandonadas. As estruturas que ficam em uma extensão de aproximadamente cinco quilômetros viraram obstáculos para motoristas e pedestres. O mato alto tomou conta do lugar que antes era ocupado por muitos operários. As placas de concreto e vergalhões estão expostos representando risco de acidentes.

Estruturas abandonadas são obstáculos para motoristas e pedestres - Estefan Radovicz / Agencia O Dia

"Triste é ver que isso se tornou um elefante branco aqui em nossa região. A gente tinha esperança para que as coisas ficassem melhores, mas piorou. Eu torço para que isso se resolva o mais rápido possível e que deem continuidade às obras. A finalização dos trabalhos não beneficia apenas o trânsito de veículos, mas também nós moradores. Porque não usam o dinheiro da Lava Jato para conclusão dessas obras?", questiona o garçom Darlan Barbosa, morador do bairro Jardim Itambi.

Construção esquecida

No trecho em que divide os municípios de Itaboraí e Guapimirim, motoristas encontram dificuldades na travessia de uma ponte. Ao lado, uma enorme construção que foi esquecida.

"Quem dirige transporte de grande porte não tem outra opção, precisa passar por essa rodovia para poder chegar na Região dos Lagos. A gente corre o risco de assalto ou coisa pior, não tem jeito. Infelizmente, a gente precisa trabalhar. Essa rodovia está abandonada e não melhora em nada. Quem sabe um dia as coisas não mudem, vamos torcer", disse o caminhoneiro Marcelo Machado.

Enorme construção de viaduto foi esquecida no Arco Metropolitano - Estefan Radovicz / Agencia O Dia

A paralisação da segunda etapa das obras, o grande número de buracos espalhados na rodovia e a falta de sinalização na região provocaram impacto negativo na segurança pública. Em junho deste ano, durante um evento na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), representantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgaram dados com números de roubos na BR-493. No trecho entre Itaboraí e Magé houve crescimento de 76% entre os anos de 2017 e 2019.

De acordo com o órgão federal, o patrulhamento nas rodovias federais que cortam o Estado do Rio, inclusive na rodovia BR-493, é feito diuturnamente com uso de viaturas e motocicletas. Ainda segundo a PRF, os agentes não ficam estáticos em determinados locais.

Conforme o órgão, agentes baseados na delegacia que fica no km 122 da BR-116 fazem o policiamento na rodovi. A assessoria da PRF explica que promove periodicamente operações em pontos sensíveis das rodovias, baseadas em informações de registros de crimes e acidentes. As denúncias devem ser feitas por meio do telefone 191.

Obras teriam que acabar em 2017

Iniciada em agosto em 2014, a segunda etapa das obras do Arco Metropolitano contemplaria os 25,5 quilômetros do trecho que vai de Magé a Itaboraí, da BR-493. A previsão para o término era para o segundo semestre de 2017, porém o cronograma não foi respeitado pelas empreiteiras e apenas 57% das obras foram entregues. Os recursos gastos no trecho chegam a R$ 290,4 milhões.
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O Arco Rodoviário Metropolitano foi planejado para ligar o Complexo Petroquímico do Rio ao Porto de Itaguaí. Em junho deste ano, o coordenador de Engenharia do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Fernando Luiz Corrêa, declarou que as obras seriam retomadas a partir do segundo semestre de 2019. A declaração foi feita em audiência pública na Comissão de Obras Públicas da Alerj.
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O coordenador alegou que dependia de recursos da União. "Estamos dependendo do governo federal porque nós não tínhamos programação de recursos para esse ano", disse.
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Segundo o engenheiro, o valor para conclusão é de aproximadamente R$ 280 milhões. "Tínhamos valor inicial em R$ 405 milhões sem o reajustamento, que é devido a cada ano. Faltarão em torno de R$ 280 milhões para completar a obra", disse. Procurado, o DNIT não se pronunciou até o fechamento desta edição.
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O percurso total deveria ter 145 quilômetros, no entanto apenas 71 quilômetros foram concluídos. A primeira fase foi entregue no primeiro semestre de 2014 (de Itaguaí a BR-040), com custo de R$ 2 bilhões. O TCE constatou sobrepreço no valor, que incluía iluminação com energia solar.
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