Na calçada, três usuários e uma senhora de muletas: território livre - Gilvan de Souza
Na calçada, três usuários e uma senhora de muletas: território livreGilvan de Souza
Por Bernardo Costa
Rio - Um novo acidente com patinete elétrico, na última quarta-feira, no Centro, chamou atenção para a falta de fiscalização desse modelo de transporte na cidade. A administradora Ana Maria Sommer Benjamin, de 46 anos, saía do trabalho, por volta das 18h, quando foi atingida pelas costas, na calçada da Avenida Marechal Câmara, por um usuário de patinete elétrico. Segundo a família, ela teve a clavícula fraturada em três partes e passou por cirurgia. Mesmo após a prefeitura ter publicado, no dia 3 de julho, o Decreto 46.181, que estipula normas para o uso dos equipamentos, a fiscalização nas ruas ainda não teve início.

“A pancada foi forte. Ela caiu no chão e machucou também o rosto. Minha filha está de resguardo e se recuperando, mas ainda sente dores. O usuário vinha na calçada e em alta velocidade. Após atingir minha filha, ele fugiu correndo com medo de ser linchado, pois a população ficou revoltada”, contou o jornalista e professor aposentado Cid Benjamin, pai da vítima.

Uma das proibições expressas no decreto é a circulação dos patinetes elétricos em calçadas. Ontem, na Avenida Rio Branco, no trecho entre a Rua Dom Gerardo e a Praça Mauá, uma equipe do DIA flagrou usuários descumprindo a norma sem serem incomodados.

Segundo a copeira Jocélia Rodrigues, de 53 anos, a irregularidade é comum no local. Ela contou quase ter sido atropelada por um usuário de patinete elétrico no início deste ano, quando deixava o prédio em que trabalha. “Não fui atingida por pouco. O usuário não conseguiu frear e teve que ser agarrado por uma pessoa que presenciou a cena. Parece que ele não tinha experiência em guiar o equipamento, que estava começando a circular na cidade”, disse Jocélia.

Na Rua Marechal Câmara, onde Ana Maria Benjamin foi atingida, quem trabalha no local também relatou ser comum encontrar usuários trafegando com patinetes elétricos na calçada. “Não presenciei atropelamentos mas já vi pessoas caírem no chão. Todos os dias passam na calçada em alta velocidade, principalmente nos horários de pico”, contou o taxista Marcelo Barros, de 45 anos.

Guarda ainda está em compasso de espera
O Decreto 46.181, de 2 de julho, determinou que a fiscalização do comportamento dos usuários dos patinetes elétricos é de responsabilidade da Guarda Municipal (GM -Rio). Procurado ontem, o órgão informou que a fiscalização não teve início e que ainda não há data para entrar em vigor, mesmo após quase três meses da publicação do decreto no Diário Oficial do município.

Em nota, a Guarda Municipal informou que está “adotando os procedimentos administrativos e operacionais necessários para implementar o serviço de fiscalização”, e que agentes de trânsito realizam campanhas educativas com distribuição de folhetos, aos domingos, na orla da Zona Sul.

O decreto também proíbe o tráfego nas pistas do VLT e nas ruas com trânsito de veículos com limite de velocidade de até 40 km/h. Ontem, a equipe do DIA flagrou usuários cometendo as duas irregularidades. Também é vedado o transporte de passageiros, de carga e de animais. Menores de 18 anos também não podem usar o serviço.