Parada deste ano teve tema político:
Parada deste ano teve tema político: "Pela democracia, liberdade e direitos: ontem, hoje e sempre"Luciano Belford
Por Juliana Mentzingen*
Rio - Nem mesmo a chuva deste domingo foi capaz de ofuscar as cores da bandeira do arco-íris estendida pela orla de Copacabana, na 24ª Parada do Orgulho LGBTI+ Rio. Com o tema "Pela democracia, liberdade e direitos: ontem, hoje e sempre", a edição deste ano faz referência aos 40 anos do movimento no Brasil e aos 50 anos da Revolta de Stonewall, marco que deu inicio à luta pelos direitos LGBT, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Com o horário previsto para começar mais cedo do que nos últimos anos, às 11h, na altura do Posto 5 da Avenida Atlântica, a Parada teve sete trios elétricos desfilando pela orla e reuniu milhares de pessoas. As atrações mais aguardadas pelo público foram as cantoras Pablo Vittar, Lexa e MC Rebecca.
Neste ano, mais do que nunca, o clima era de protesto e contestação política contra as esferas federal, estadual e municipal do governo. A ato de censura do prefeito Marcelo Crivella, que determinou o recolhimento de um livro com um beijo entre dois personagens masculinos na Bienal do Livro, no início deste mês, foi lembrado pelo público.
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O casal Henrique Medeiros e André Luiz estamparam a cena do beijo em suas camisas. "Nós criamos este movimento para mostrar que o que aconteceu na Bienal não foi um episódio isolado. Nós somos censurados todos os dias e iremos lutar contra isso", disseram. Organizadores também lamentaram e cobraram Justiça pela morte de Agatha Félix, de 8 anos, atingida por um tiro durante uma operação policial no Complexo do Alemão, na última sexta-feira. Gritos de "Fora, Bolsonaro!" foram ouvidos ao longo do evento.
Para Cláudio Nascimento, fundador e coordenador da Parada, o momento é de resistência e de celebração da diversidade. "Muitas pessoas me perguntam se a Parada é Carnaval, política ou cidadania. A Parada é tudo ao mesmo tempo. É a possibilidade de as pessoas serem eles mesmas", disse durante a coletiva de imprensa. "Nós entendemos que a edição deste ano precisava ter um tema político pela liberdade de expressão e pelos retrocessos que estamos enfrentando", completou.
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Esta é a segunda vez do casal Maria Eduarda e Julia Bahia, de 18 anos, na Parada. "Estamos achando incrível! Não estamos nem sentindo a chuva. Queremos muito assistir o show da MC Rebecca", disseram. A chilena Pamela Cabrera, de 40 anos, está no Rio pela primeira vez e diz que teve sorte de vir à cidade durante a Parada do Orgulho LGBTI+ Rio. "A Parada está linda e o Rio é demais. Fiquei feliz de ter conseguido vir nesta semana. A chuva não importa. Que ela limpe tudo o que for de ruim", contou a hermana, que ficará na cidade até quarta-feira que vem.
Ações de cidadania, prevenção e saúde também fizeram parte da logística da edição deste ano. A ONG Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT, organizadora da Parada há 24 anos, prestou serviços de prevenção à Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), HIV e Aids. O grupo distribuiu 200 mil preservativos femininos e masculinos, gel lubrificante e folhetos informativos de prevenção às doenças ao longo do evento. 

*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes