Gerente do Bar Luiz há 25 anos, Emerson Coelho se emocionou com homenagem de clientes, ontemLuciano Belford
Por O Dia
Após 132 anos de história, o Bar Luiz anunciou que vai fechar as portas. A notícia causou comoção geral, tanto de frequentadores como de empresários do setor, que até ofereceram ajuda. Ontem, o restaurante, ícone da Rua da Carioca, lotou no almoço, com uma onda de nostalgia. Diante da repercussão positiva, a dona do local, Rosana Santos, 62 anos, afirmou: “Há, ainda, esperança de o estabelecimento se reerguer e permanecer em funcionamento”.
“Essa mobilização dos cariocas me deu uma energia muito grande. Estou estudando as propostas e acho,
sim, possível não fechar as portas do Bar Luiz, mesmo que continue sem a minha presença”, explicou. Rosana é viúva do neto do fundador e única herdeira do bar. Segundo ela, uma série de fatores influenciou na queda brusca de movimento de clientes: a inversão de mão da rua, o que resultou na perda do estacionamento para os carros, a falta de iluminação e segurança e a crise econômica.
“O faturamento se tornou irrisório e uma empresa vive de renda”, lamentou. Ontem, a renomada chef Roberta Sudbrack começou a viabilizar um jantar para arrecadar fundos e despertar o interesse de
investidores. “Ela encabeçou essa campanha, uma iniciativa brilhante, mas precisamos também do apoio do poder público para melhorar as condições da Rua da Carioca. São vários estabelecimentos fechados”, ponderou Rosana.
Gerente do restaurante há 25 anos, Emerson Coelho contou ter se sentido abraçado e reconhecido com o
aumento do movimento, ontem. “Até mercadoria faltou, fomos pegos de surpresa”. Pelo bar, que tem como marca a salada de batata e a salsicha alemã, já passaram o escritor Olavo Bilac, o historiador Sérgio Buarque de Holanda e a atriz Dercy Gonçalves.
A jornalista Isabela Florido, 54, foi dar um possível adeus ao restaurante. “Quando soube do fechamento, quis fazer essa última homenagem. É uma instituição carioca, que conta a história da nossa cidade”, disse ela. Dono do ‘Café do Bom, Cachaça da Boa’, Yan Nsel, 49, queixou-se do abandono da rua, que teve mais de dez estabelecimentos fechados em cinco anos. “Precisei reduzir o quadro de funcionários de oito para dois. Consegui sustentar a loja porque não pago aluguel. Também renovei o cardápio e mudei os fornecedores. É uma questão de sobrevivência”.
Nem para o setor erótico está bom. O gerente do clássico Cine Íris, Patrick Cruz, 38, conta que a clientela foi atingida pela crise. “O movimento caiu cerca de 50%. A falta de dinheiro também deixa o carioca brocha”, ironizou ele.

Reportagem da estagiária Luana Dandara sob supervisão de Gustavo Ribeiro