Rio - O que três professoras do ciclo de alfabetização (anos iniciais do ensino fundamental) de escolas da rede municipal do Rio têm em comum? Errou quem pensou que a resposta fosse apenas alunos, sala de aula e cadernos. Suellen Rocha, de 32 anos, Priscilla Almeida, de 38, e Marianne Figueiredo, de 26, bombam no Instagram. Juntas, elas têm quase 100 mil seguidores na rede social. Para essas professoras, o ensinar e o aprender alcançaram dimensões que vão além da transmissão de conhecimento ao aluno. Com ideias criativas, elas implantaram novas práticas para que os alunos aprendam, com ou sem deficiência, e caíram nas graças da internet.
As professoras contam que os estudantes são incentivados a colocar a mão na massa. Os efeitos positivos da prática são postados nas redes e têm atraído, a cada dia, novos seguidores. Foi assim com Suellen, docente há 11 anos na rede municipal, que dá aulas para o 1º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Artur Azevedo. Ela começou a fazer as postagens em 2014. Atualmente, tem 46,2 mil seguidores no Instagram. São compartilhados as atividades feitas com os alunos nas escolas. Em uma das mais recentes, depois de abordar os contos clássicos na história "Era uma vez 1, 2, 3", a professora trabalhou com a linguagem não-verbal dos emojis, o que, segundo ela, a criançada adora.
Segundo Suellen, a atividade consistiu em reconhecer a mensagem no conjunto de emojis, reconhecendo o título de uma história infantil. "Os sorrisinhos de descoberta são a melhor parte. Fizemos coletivamente a compreensão de cada mensagem", contou empolgada.
Professora do 3º ano do Ciep Adelino da Palma Carlos, Marianne Figueiredo, de 26 anos, tem 26,8 mil seguidores no Instagram. Ela dá aulas na rede municipal desde 2016 e começou a fazer o diário das suas atividades com os alunos em 2017. Assim como as outras professoras, ela nunca pensou em se tornar uma famosa do Instagram e faz as imagens dos posts de seu próprio celular. Um de seus projetos que deu certo é a Maleta da Leitura. O aluno leva um livro para casa na segunda-feira e o devolve na sexta, quando faz a leitura do título para turma. Nessa mesma linha, Marianne desenvolve outras atividades em sala.
"Dessa forma, a criança é sujeito da sua aprendizagem. A Educação de hoje não pode ser mais como a de antes. Os alunos têm suas necessidades e dificuldades", avaliou Marianne. A professora contou que os estudantes se envolvem nas atividades e aprendem de maneira mais prazerosa.
A professora Priscilla Almeida, de 38, há sete na rede municipal, dá aulas no 2º ano do Ciep Gregório Bezerra. Ela estreou no Instagram em setembro do ano passado, mas já conta com 21 mil seguidores. Muitas das suas publicações são voltadas para educação inclusiva. Neste mês, por exemplo, colou nos cadernos dos alunos uma etiqueta lembrando o dia Internacional do Surdo, 30 de setembro.
Uma das atividades da professora, na semana passada, foi ensinar uma música em libras para seus alunos. "Trabalhando a empatia na sala de aula, conseguimos influenciar positivamente as crianças. A partir da educação, podemos mudar o mundo", avaliou.
Docentes têm seguidores do Brasil e do exterior
"Os alunos não podem mais conviver com uma escola linear, em que o professor fala e o aluno ouve, anota e estuda para uma prova", explicou Andrea. De acordo com ela, quanto mais a escola se abrir para a interatividade, sendo o lugar de múltiplas vozes, no qual uns aprendem com os outros, com a orientação do professor, melhor os estudantes irão aprender.
Ainda conforme a especialista, existe a proposta da Sala de Aula Invertida, que é o estudo de conteúdos básicos antes das aulas, a partir de recursos como vídeos, textos, áudios e games. Já em sala, o professor aprofunda o aprendizado com exercícios, estudos de caso e conteúdos complementares. Além disso, esclarece dúvidas e estimula a troca entre os alunos, fixando a aprendizagem. Segundo Andrea, a metodologia funciona bem também para o ensino à distância por utilizar recursos tecnológicos que favorecem o empenho e a participação do estudante.
"As aulas são mais produtivas e participativas, menos expositivas. Os alunos se engajam mais no conteúdo e os professores precisam de menos tempo para explicar conceitos básicos", destacou Andrea.
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