O historiador Leandro Karnal durante palestra no auditório da Fecomércio RJ: 'Nunca antes tivemos empresários e políticos presos no país' - fotos de Cléber Mendes
O historiador Leandro Karnal durante palestra no auditório da Fecomércio RJ: 'Nunca antes tivemos empresários e políticos presos no país'fotos de Cléber Mendes
Por O Dia

Rio - Todas as empreiteiras denunciadas por corrupção na operação Lava-Jato tinham um código de ética. As regras, porém, não foram colocadas em prática, o que resultou na destruição dessas empresas e prejuízos para o desenvolvimento do país. O exemplo foi citado ontem pelo historiador Leandro Karnal, que encerrou o ciclo de debates do movimento Rio em Frente — realizado pelo DIA em parceria com a Fecomércio RJ —, com uma palestra sobre Ética. Ao citar o caso das construturas, Karnal lembrou que o crime compensa, mas não por muito tempo. Segundo ele, o crescimento sustentável passa inevitavelmente pela ética.

"A sustentabilidade de uma empresa ou instituição pública é garantida quando ela exercita padrões corretos de conduta. Por exemplo, por que é importante para uma empresa praticar preços justos? Para vender sempre. Uma marca de cosméticos brasileira aumentou o número de clientes quando passou a investir em ações de preservação do meio ambiente. A ética agrega valor", disse Karnal.

De acordo com o historiador, os padrões éticos não nascem com os seres humanos, precisam ser aprendidos e exercitados diariamente. Nesse caso, explica Karnal, cada pessoa pode ser um agente da transformação.
"Só vamos avançar como sociedade se todos entenderem que são parte desse processo. Hoje, como nunca antes, a ética está na pauta política. Isso é importante para o eleitorado, que pode provocar mudanças ao deixar de votar em políticos que cometeram desvios de conduta", disse Leandro Karnal.

Para o historiador, mesmo no estágio atual de crise há motivo para otimismo. Segundo Leandro Karnal, as prisões de políticos e empresários envolvidos em corrupção mostram um avanço da ética na sociedade brasileira.

"Quem é mais novo pode não perceber isso. Mas lembro de grandes escândalos que não deram em nada. Hoje, está havendo punição", destacou Karnal, que citou outro exemplo: "No Carnaval, as pessoas cantavam sem culpa 'O teu cabelo não nega, mulata' e 'Cabeleira do Zezé'. São músicas racistas e homofóbicas. 'Atirei o pau no gato' incita violência contra animais. Isso não se aceita mais".

 

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