PMs foram ouvidos, ontem, como testemunhas de defesa de militares que metralharam carro - Estefan Radovicz
PMs foram ouvidos, ontem, como testemunhas de defesa de militares que metralharam carroEstefan Radovicz
Por Anderson Justino
Rio - A Justiça Militar Federal ouve na manhã desta quarta-feira quatro policiais militares como testemunhas de defesa dos 12 militares do Exército acusados pela morte do músico Evaldo Rosa dos Santos, de 46 anos, que estava em um carro alvejado com 80 tiros, quando passava com a família em Guadalupe, na Zona Norte. Um catador de papel foi socorrer o músico e também acabou morto após ficar internado 11 dias. O crime ocorreu no dia 7 de abril, quando o carro foi supostamente confundido com um veículo com criminosos.
A audiência estava prevista para começar às 10h, mas atrasou cerca de uma hora. A defesa pediu a suspensão da sessão, alegando ilegalidade na quebra do sigilo dos réus. A juíza Mariana Queiroz Aquino Campos acatou o pedido. 
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Os quatros policiais que são ouvidos como testemunhas de defesa são lotados no Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE), sendo dois cabos, um tenente e um soldado. O primeiro PM, um tenente, começou a ser ouvido às 12h, já o segundo agente, um cabo, iniciou a oitiva às 12h43. 
Nesta quinta-feira, seriam ouvidos pela primeira vez os 12 militares acusados do crime, individualmente. Entretanto, como o conselho julgador, formado pelo juiz federal e quatro militares do Exército, estava sem um dos oficiais, a defesa pediu o adiamento dos depoimentos alegando cerceamento, que só será realizado nos dias 15 e 16 dezembro. A juíza aceitou o argumento, mas manteve os depoimentos dos policiais hoje.
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A promotora Najila Palma, do Ministério Público Militar (MPM), aceitou o argumento da defesa, mas disse não haver ilegalidade. "Há inclusive um respeito à celeridade processual e ao que está previsto no que fizemos e produzimos publicamente até agora, para quem possamos na instrução comprobatória com a maioria do conselho", falou. 
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Superior Tribunal Militar (STM) aceitou a denúncia do Ministério Público Militar (MPM) no dia 11 de maio pelos crimes de homicídio qualificado e omissão de socorro, por supostamente não terem prestado assistência às vítimas.

Galeria de Fotos

O músico Evaldo Rosa foi morto atingido por nove tiros Arquivo Pessoal
Catador Luciano Macedo foi baleado ao tentar socorrer o músico Evaldo Rosa Arquivo Pessoal
O caso aconteceu no último dia 7 de abril Reprodução / Internet
Carro da família foi atingido por 80 tiros Reprodução Internet


O caso
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Os militares buscavam autores de um roubo e dispararam contra o carro onde estava Evaldo, um Ford KA branco, próximo da Favela do Muquiço. O músico foi atingido por nove tiros. O sogro dele foi ferido na ação, enquanto sua mulher, seu filho e uma amiga que também estavam no veículo não foram atingidos. O catador Luciano Macedo foi baleado ao tentar socorrer Evaldo e morreu 11 dias depois no hospital.
Macedo também foi atingido com três tiros nas costas por militares do Exército, na mesma ação que atingiu Evaldo Rosa. Ele passava na hora e tentou socorrer o músico, quando também recebeu tiros de fuzil. São réus no processo um segundo-tenente, um terceiro-sargento, dois cabos e oito soldados.
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Colaborou Adriano Araujo