Ex-subsecretário de Obras de Nova Iguaçu Jeferson Ramos foi preso em flagrante por porte ilegal de arma em ação contra milícia de Austin, Nova Iguaçu - Reprodução
Ex-subsecretário de Obras de Nova Iguaçu Jeferson Ramos foi preso em flagrante por porte ilegal de arma em ação contra milícia de Austin, Nova IguaçuReprodução
Por Thuany Dossares
Rio - Jefferson Ramos foi preso em flagrante por porte ilegal de arma, na manhã desta quarta-feira, durante uma operação da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) contra a milícia que atua em Austin. Ele é ex-subsecretário de Obras de Nova Iguaçu. Segundo o delegado Moyses Santana, titular da especializada, o político pode ter ligação com a organização criminosa. Policiais Militares também podem integrar a milícia de Austin e três foram alvos dos mandados.

O sítio de Jefferson era um dos 43 alvos dos mandados de busca e apreensão. A Delegacia de Homicídios chegou até o endereço dele, na Estrada Carlos Sampaio, após sua estreita relação com um dos líderes da milícia de Austin, Marcos Antônio dos Santos Amaral, o Marquinho Alemão, que também foi preso nesta operação.

“Com certeza o Marquinho Alemão é um dos líderes e tem uma estreita relação com o outro preso, o Jefferson Ramos, que é pré-candidato a vereador de Nova Iguaçu e já foi subsecretário de Obras. Eles têm uma relação forte e, por isso, por ter essa bagagem política até que o Marcos Alemão é um dos líderes dessa organização criminosa. O político não era alvo da investigação até o momento, mas como havia essa relação, pedimos o mandado de busca e encontramos uma arma. O crime dele é inafiançável”, declarou Moyses Santana.

Na casa do ex-subsecretário foi encontrada uma pistola, que pertencia a ele, segundo a polícia. No mesmo imóvel também estava o irmão de Jefferson, Jorge Luiz Ramos de Oliveira, que estava com um revólver calibre 38, que estava com a numeração raspada.
Jeferson Ramos foi candidato a vereador nas eleições de 2016, mas não foi eleito com 232 votos, ficando na suplência. Em suas páginas nas redes sociais, ele compartilha várias imagens do prefeito Rogério Lisboa, além de obras realizadas em Nova Iguaçu. Em uma das postagens está uma do prefeito informando sobre o início do Segurança Presente no bairro de Austin, onde a milícia alvo da operação de hoje atua. 
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Galeria de Fotos

Delegado Moyses Santana, titular da DHBF, responsável pela operação contra a milícia de Austin, Nova Iguaçu Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Homem foi preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo em ação contra milícia em Nova Iguaçu Divulgação
Armas apreendidas em operação contra milícia que atua em Austin, em Nova Iguaçu Divulgação


INVESTIGAÇÕES

As investigações da DHBF sobre a milícia que atua em Austin, começaram a partir dos homicídios de Bruno Tavares Ribeiro, de 21 anos, e Maicon José Jovem de Oliveira, 26, no dia 26 de agosto.

A dupla também era suspeita de integrar o grupo paramilitar e teria sido morta pelos próprios comparsas por desavenças internas. Bruno e Maicon estavam no Bar do Babaloo, em Austin, quando foram sequestrados e seus corpos foram encontrados próximos do Arco Metropolitano.

A DHBF conseguiu descobrir que a milícia de Austin seria responsável por pelo menos 20 assassinatos na região, que foram cometidos no período de um ano.

“Estamos mapeando aquela região, vendo o modus operandi de cada um deles, o calibre usado nesses homicídios. Com as armas apreendidas hoje nós vamos fazer o confronto balístico para atribuir a essas pessoas, esses homicídios e poder também identificar todos os integrantes. Nosso principal hoje era levantar informações tanto da organização criminosa, quanto dos homicídios”, explicou Moyses.


Ainda segundo as investigações, a organização criminosa explorava, principalmente, pontos de mototáxis, gatonet e cobravam taxas ilegais de segurança. “Eles matam a luz do dia, de cara limpa, realmente acham que são os donos do local, e as pessoas que não pagam as taxas são mortas”, disse o delegado.

OPERAÇÃO

Durante o cumprimento de 43 mandados de busca e apreensão, a DHBF foi até a casa do 2º sargento da Polícia Militar, André Luiz de Mello Araujo, o Honda, e encontraram uma pistola 380 e uma 12 na casa dele, sem os devidos registros. O militar não estava em casa e um inquérito será instaurado contra ele.

O endereço de outros dois PMs também foram alvo de buscas.

Suspeito de ser um dos líderes da milícia, Marcos Antônio dos Santos Amaral, o Marquinho Alemão, também foi preso em flagrante, em sua casa, com um revólver calibre 38. No entanto, uma fiança foi estipulada em seu favor e ele irá responder pelo crime de porte ilegal em liberdade.
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Colaborou Adriano Araujo