Matheus e João  - Reprodução
Matheus e João Reprodução
Por LUANA BENEDITO
Rio - O casal de produtores de conteúdo, João Batista e Matheus Barcelos, registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) contra um motorista de aplicativo e contra a empresa, a Uber. Os jovens afirmam que sofreram racismo do condutor na noite da última terça-feira. Segundo a dupla, após cinco minutos de viagem o homem abordou uma patrulha da Polícia Militar com a justificativa de que eles estavam em atitude suspeita.
Segundo João, ele e namorado embarcaram na Praça Mauá, no Centro do Rio, com destino a São Gonçalo, na Região Metropolitana, após participarem de um evento no Youtube Space. No entanto, na Gamboa, o homem parou o carro e abordou a viatura da PM. "Ele foi muito educado no início. Então, quando ele fez uma parada meio brusca, não desconfiei de nada, mas aí a PM veio e a gente teve que sair de mãos para cima", conta.
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"Somos dois jovens negros e, dado ao histórico das mortes policiais, nós ficamos com medo. Não sabíamos o que fazer, porque qualquer movimento nosso poderia ter sido crucial", completa o produtor de conteúdo.
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Os jovens questionaram o motorista sobre o motivo da suspeita e o condutor, segundo eles, reagiu com ironia. "Ele riu da nossa cara e disse que quem 'não deve, não teme'. Eu estava só com a minha pochete. O Matheus só estava com o celular, não tinha nada com a gente, nenhum objeto grande que pudesse causar uma ameaça nele. A gente não deu nenhum motivo, foi racismo sim", destaca João.

Passado o momento de susto, os produtores de conteúdo decidiram filmar. O vídeo foi compartilhado nas redes sociais e viralizou neste fim de semana. "Foi um cenário tão ridículo que a polícia, que é tão reativa, quis saber no fim, é claro, depois de apontar o revólver, o que tinha acontecido", diz o influenciador.
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Segundo o produtor de conteúdo, a Uber respondeu dentro do protocolo. "Uma mensagem nada personalizada com um reembolso pela viagem. Na verdade, a primeira mensagem que recebi foi que tinha infringido um código de conduta. No primeiro momento, eles aceitaram a denúncia do motorista e só depois se desculparam", finaliza.
De acordo com a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, diligências estão em andamento para elucidar o caso.
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A Polícia Militar informou que o motorista de aplicativo parou junto a uma equipe baseada no local. Segundo a corporação, nada foi constatado pelos policiais. 
Em nota, a Uber lamentou o ocorrido. "Assim que tomamos conhecimento da denúncia do usuário, entramos em contato para prestar o apoio necessário e bloqueamos o motorista da plataforma. A Uber entende que o preconceito, infelizmente, permeia a nossa sociedade e que cabe a todos combatê-lo. A empresa também está à disposição para colaborar com as autoridades responsáveis para investigação do caso", disse a empresa, no texto.