
Em 2018, o prejuízo com o contrabando e o mercado ilegal no Brasil alcançou a impressionante cifra de R$ 193 bilhões. A estimativa é de que em 2019 as perdas cheguem a R$ 220 bilhões, e, em 2020, a R$ 250 bilhões. Neste contexto, o cigarro tem papel de destaque.
Segundo pesquisa Ibope, este é o sexto ano consecutivo que o mercado ilegal deste produto aumenta no país: de todos as unidades consumidas, 57% foram ilegais, sendo que 49% foram contrabandeadas (principalmente do Paraguai). No caso do Rio de Janeiro, a participação do cigarro ilegal no mercado total caiu de 43% para 41% entre 2018 e 2019, o que pode ser relacionado com o aumento da repressão desde a intervenção militar.
Neste contexto, as Guardas Municipais têm um papel fundamental. “Elas atuam próximas à população porque vivem o dia a dia das cidades, com seus desafios e suas agruras. Por isso são importantes no combate à comercialização de produtos piratas”, afirmou Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP), em sua apresentação no 29º Congresso Nacional das Guardas Municipais, nesta sexta (25), em Niterói.
“A população também precisa ter consciência de que comprar esse tipo de produto significa financiar o crime organizado e, consequentemente, contribuir para o aumento da violência. É importante recusar artigos sem procedência legal”, alertou, sob os olhares atentos de uma plateia de 1,5 mil agentes de segurança de todo o país, que se reuniram de 23 a 25 de outubro, no Teatro Popular Oscar Niemeyer, para debater os “desafios da contemporaneidade”.
Segundo Vismona, o trabalho conjunto entre prefeitura e guarda civil é fundamental para o êxito de operações de apreensão. “A prefeitura tem condições de caçar alvarás, verificar se as posturas municipais estão sendo respeitadas e se as licenças devidas estão sendo exercidas. Ou seja, há uma extensa ação de competência da prefeitura e, nesse sentido, o trabalho da Guarda Civil é fundamental para dar suporte a essas ações, de modo que elas sejam realmente efetivas”, disse.
Durante o Congresso, os agentes de segurança puderam visitar o stand do FNCP, onde foram exibidos vídeos sobre o mercado ilegal de cigarros no Brasil e sobre a campanha “Contrabando - Denuncie”, realizada pelo Disque-Denúncia, no Rio de Janeiro. A ação buscou conscientizar a população sobre a relação entre o contrabando - geralmente controlado pelo crime organizado - e o aumento da violência que atinge a sociedade, além de estimular a denúncia dos pontos de venda de produtos ilegais.
Também foram disponibilizadas ao público as informações do recente levantamento realizado pelo Ibope sobre o mercado ilegal de cigarros no Brasil.