Por *Rachel Siston

O Viaduto de Madureira é palco, entre hoje e amanhã, do primeiro Festival Favela Literária, quando se celebra o Dia da Favela. O evento é realizado pela Central Única das Favelas (CUFA) em todo país e tem o objetivo de valorizar a literatura de favela. 

O festival conta com exposição de livros, palestras, saraus e rodas de poesia, das 10h às 22h. A diretora da CUFA, Nega Gizza, acredita que o evento facilita o acesso de moradores de comunidades à leitura. "As pessoas estão produzindo seus livros, seus textos, mas esse acervo fica isolado por não ter formas de anunciar para o mundo que essa produção está sendo feita. Criar o evento é dar oportunidade para jovens e idosos à leitura", explica Gizza.

As rodas de conversa sobre 'Produção literária na favela, periferia e suas manifestações' serão mediadas pelos escritores Binho Cultura e Anderson Quack. Também terão a presença de Tião Santos, Luis Fernando Pinto, Rejane Barcelos, Marcos Diniz, Rene Silva, Jonathan Aguiar, Lu Ain-Zaila e Jessé Andarilho.

"Estamos mostrando que temos autores de favelas por todo o Brasil. A gente precisa que a molecada das escolas públicas, das periferias, entrem em contato com autores que tenham a mesma vivência que eles, que superaram coisas e são referências próximas", destaca o escritor Binho Cultura. 

Para enaltecer o Dia da Favela, o festival terá ainda apresentações da Companhia de Dança Passinho Carioca, Instituto Black Boom, Slam Maré Cheia, Contação de Histórias, entre outros artistas. "A CUFA é uma grande incentivadora, nós incentivamos os moradores da favela a prestarem atenção nas suas potências, para que as pessoas se sintam importantes, valorizados e parte do processo da sociedade", afirma Nega Gizza.

 

A outra Academia
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Em 2015, integrantes da da Central Única das Favelas (CUFA) tiveram a ideia, durante um evento em Nova York, de criar a Academia de Letras da Favela. A proposta nasceu da crítica à Academia Brasileira de Letras.
"A Academia Brasileira de Letras foi criada por Machado de Assis, um homem negro, e mesmo assim é um lugar onde só há brancos e não tem favelados. A gente pensou em criar a Academia de Letras da Favela e com o festival, vamos mexer nesses arquivos para retomar essa ideia", diz o escritor Binho Cultura.
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